No Dia Internacional dos Museus jovens alunos valencianos foram conhecer as prospecções arqueológicas, em curso, no Centro Histórico, a cargo da Universidade do Minho.
Ao abrigo do protocolo de colaboração celebrado entre a Câmara Municipal de Valença e a Universidade do Minho, em 2004, a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho tem vindo a executar todos os trabalhos arqueológicos de sondagens, escavações em área e acompanhamentos, decorrente do “Projecto de Recuperação Urbana do Centro Histórico de Valença”. Foram já elaborados 18 relatórios de progresso, todos aprovados pelas entidades da tutela (I.G.E.S.P.A.R. e D.R.C.N.).
Ao abrigo do mesmo protocolo, a equipa de arqueologia alocada pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, realizou também trabalhos arqueológicos no edifício da Cadeia Velha, em 2007 e da Câmara Municipal, em 2007 e 2008, na sequência de obras promovidas pelo Município e cujos relatórios foram igualmente aprovados. Foi igualmente a equipa de arqueologia que, em 2007, elaborou o parecer relativo ao impacte arqueológico do projecto de construção de parque de estacionamento subterrâneo, que o município pretendia construir no exterior nascente da fortaleza.
Por último, sempre ao abrigo do protocolo de colaboração e por solicitação do Município de Valença, foi a Unidade de Arqueologia que, em 2007, elaborou a “Proposta de Projecto de Valorização Patrimonial e Divulgação da Fortaleza de Valença”, na perspectiva do desenvolvimento futuro do processo de candidatura de Valença a Património da Humanidade, promovida pelo Município.
Os trabalhos arqueológicos são executados pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, sob a direcção científica do arqueólogo Luís Fontes, sendo a equipa permanente formada pela arqueóloga Belisa Pereira (co-responsável), pelo arqueólogo Francisco Andrade (co-responsável), pelo técnico especialista Vladimiro Pires e por operários alocados pelo Município de Valença, que assegura ainda o indispensável apoio logístico (maquinas e instalações).
Os trabalhos efectuados nos últimos seis anos permitiram, não só minimizar os impactes arqueológicos decorrentes da execução das obras, como obter um significativo conjunto de dados arqueológicos relativos à ocupação antiga do sítio da vila de Valença, dados traduzidos em registos gráficos e fotográficos e que já constituem um vasto e valioso espólio documental, actualmente correspondente a cerca de 10.000 fotografias e mais de 2.000 desenhos de estruturas e de estratigrafias arqueológicas, a que acresce o espólio recolhido, contabilizando-se já mais de 50.000 fragmentos de cerâmica, de diversas épocas.
Ainda que preliminar, a análise dos dados recolhidos permitem igualmente afirmar que os trabalhos arqueológicos permitirão um efectivo aumento do conhecimento da história de Valença, não apenas relativamente ao período moderno, mas também em relação aos períodos medieval, romano e pré-romano.
De facto, os trabalhos arqueológicos forneceram dados sobre a malha urbana setecentista e oitocentista e sobre as utensilagens domésticas desta época; sobre o desenvolvimento da vila medieval, em particular sobre o traçado das suas muralhas, edificações e práticas funerárias; confirmaram a existência de ocupação de época romana em Valença, sugerindo os dados recolhidos, designadamente a abundância de ânforas, que se poderá estar perante um entreposto comercial, servido pela navegação do rio Minho e pela via romana XIX, que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga)por Tude (Tui); e confirmaram a existência de um primeiro povoado fortificado, de origem provavelmente pré-romana, do tipo “castro”, como sugere a identificação de um troço de muralha térrea e fosso, com uma provável porta a Oeste.
Estão em curso os trabalhos arqueológicos prévios à execução da fase 3 da obra (metade Noroeste da “vila de Valença”), concentrando-se especialmente em torno da igreja de Santa Maria dos Anjos, onde se identificaram os restos de uma necrópole moderna e medieval, actualmente em fase de escavações, sob a supervisão especifica de especialista em paleoantropologia biológica.