Um aeródromo do Alto-Minho tem vindo a assumir-se como uma das estruturas do género mais movimentadas do país mas das 42 aeronaves ali colocadas, 80 por cento são galegas.
Com 20 hectares de área e uma pista em terra batida de 650 metros de extensão, o aeródromo de Cerval - nome que vai buscar ao facto de se situar entre os concelhos de Vila Nova de Cerveira e Valença -, é ponto obrigatório para os aviadores galegos.
“No sul da Galiza não há nenhuma estrutura do género e nós sentimo-nos bem aqui. Somos bem tratados, gostamos de vir para cá”, explicou à Lusa Manuel Campos, galego que lidera precisamente o Aeroclube de Cerval, que ocupa uma antiga pista de combate a incêndios.
Maximiliano Massip voa há seis anos desde Cerval, para onde viaja várias vezes por semana, e confessa que aprendeu a gostar do Alto-Minho.
“Somos bem tratados aqui, sem dúvida. Gostamos de estar cá e sobretudo da relação que criamos entre portugueses e galegos”, sublinha este piloto galego, que elogia as condições portuguesas. “Nesse aspeto, estão mais avançados do que em Espanha”, admite.
Maioritariamente instalado na freguesia de Vila Meã, o Aeródromo de Cerval - o único do distrito de Viana do Castelo -, integra ainda um heliporto e dez hangares que guardadas aeronaves capazes de viajar até Lisboa em cerca de duas horas.
“Ao todo somos 70 sócios no aeroclube, mas uns 80 por cento são galegos. É um exemplo de relação entre portugueses e espanhóis”, conta Manuel Campos, residente em Vigo, Galiza, mas que todas as semanas viaja para o aeródromo para cumprir o seu “maior vicio”.
“É uma sensação inexplicável. Só quem está lá em cima percebe o que é controlar o avião, ser livre para voar para onde quiser”, acrescenta.
Há 18 anos que o Aeródromo de Cerval cresce, impulsionado pelo movimento galego que ali também procura os 300 dias por ano em que é possível voar.
“Depois também há o facto de haver maior facilidade. Estamos numa área entre o aeroporto de Vigo e do Porto, mas onde não há qualquer restrição especial, o que nos dá alguma liberdade de voo”, diz ainda o presidente do clube.
A grande maioria das aeronaves e ultraleves presentes em Cerval têm capacidade para dois tripulantes e são construídas em fibra de carbono.
Mas há outros modelos em destaque, como um avião de 1929 que foi construído pelo próprio piloto, também ele galego.
Passaram seis anos desde que Victor Iglésias começou a construir, em Cerval, um modelo norte-americano, em madeira, réplica fiel do original, até que o conseguiu fazer voar, em 2006.
Mesmo apesar de não passar os 3.000 metros de altitude e os 120 quilómetros por hora. “Estou orgulhoso porque na península ibérica é o único registado e a voar”, garante.
in Correio do Minho