Valença é conhecida pela sua magnífica fortaleza. Mas, em termos patrimoniais, é um concelho que vai muito mais para além deste monumento, sendo exemplo disso mesmo os três mosteiros que o desafiamos a visitar. Para quem chega a Valença pela A3, logo depois das portagens, deve seguir as indicações até à freguesia de Cerdal que o levarão até à Igreja Matriz. A partir daqui, se não encontrar a placa, pergunte como se chega até ao Convento de Mosteiró. Não tenha vergonha, por aqui impera a simpatia das pessoas! Depois de encontrar a estrada, o caminho é sempre a subir. Não tem que enganar.
O Convento de Nossa Senhora de Mosteiró, acredita-se, teve a sua origem numa comunidade de eremitas que, no século VIII, escolheram este local bem alto e isolado, como convinha. O monumento, tal como o conhecemos hoje, é do século XIV, mais concretamente em 1392. A data lá está na padieira da porta. Mas não fiquemos à porta porque a verdadeira riqueza está dentro da igreja. Prepare-se para uma talha magnífica, um dos expoentes do barroco. Não hesite em ficar o tempo que precisar para admirar este conjunto. Aqui, o barroco da tribuna do altar-mor cumpre perfeitamente sua missão, a de deixar-nos atónitos, de boca aberta! Os altares laterais, neoclássicos, são os mais recentes, mas nem por isso menos interessantes. Agora é tempo de voltarmos e regressarmos pela mesma estrada por onde viemos, sem hipótese de enganos, pois é a única.
Chegados a Cerdal, vamos em direção a Valença, que é agora tempo de comer. Por aqui não faltam sugestões, desde a lampreia do Minho, que é rainha por esta altura, até ao famoso bacalhau à S. Teotónio, tão apreciado pelos nuestros hermanos do outro lado do rio. Refeitos e reconfortados, voltamos ao carro e saímos de Valença pela EN 101 em direção a Monção. Logo após os semáforos, depois de passar uma superfície comercial, há um corte à direita. Vá por aí. A estrada começa a subir em direção à Senhora do Faro. A meia encosta, num corte à direita, seguimos a indicação de Sanfins. Já adivinhou, vamos conhecer o famoso Mosteiro de Sanfins de Friestas, cuja grafia também pode surgir como S. Fins.
A 11 quilómetros de Valença, com itinerário bem assinalado, este cenóbio foi construído num local escolhido a dedo. Prepare-se. Aqui é o românico, no seu estado puro, que atrai o nosso olhar! Não sei se D. Afonso Henriques aqui esteve, mas é certo que ele deu carta de couto a este mosteiro que é hoje pertença da Câmara de Valença. Detenha-se em todos os pormenores artísticos exteriores da igreja. Depois passe entre as ruínas e deixe que as pedras do antigo claustro lhe contem histórias. Se é daqueles que aprecia locais calmos, propícios à fuga da balbúrdia dos centros urbanos, então está no sítio certo. Deixe-se ficar e aprecie também toda a natureza envolvente do mosteiro!
Quando achar que valeu a pena, regresse pelo caminho que utilizou para aqui chegar. Uma vez na EN101, vire à esquerda, em direção a Monção, até entrar na freguesia de Ganfei. Mantenha-se atento, pois à sua esquerda tem uma placa que indica o Mosteiro de Ganfei. Dizem que foi fundado por S. Martinho de Dume ou pelo seu sucessor S. Frutuoso, no século VI. Atualmente classificado como Imóvel de Interesse Público, só podemos visitar a igreja do Mosteiro beneditino de Ganfei. Na capela-mor está um dos raros altares fingidos do distrito de Viana do Castelo. Pois é. É pintado sobre madeira. Na capela-mor encontra dois túmulos, um de cada lado. Um tem inscrição e diz-nos que é de S. Ganfei. O outro merece que se espreite o tampo. Ainda no interior lá estão elementos românicos que permanecem da construção primitiva.
Agora, é hora de regressar a casa. Se o cansaço for demasiado, há sempre a hipótese de pernoitar por aqui e explorar Valença à noite!
in Revista Minha
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