Um roubo recente de 25 quilos de dinamite numa pedreira em Valença (fronteira norte) foi reportada pela primeira vez pelas autoridades portuguesas às autoridades espanholas no quadro da luta antiterrorista.O assalto ocorreu na noite de 9 para 10 de Janeiro e o proprietário da empresa reportou-o de imediato. Logo a seguir, a direcção nacional da PSP comunicou-o à rede de alerta criada pelos espanhóis, após o 11 de Março, no âmbito do combate ao terrorismo na Europa, como o DN noticiou na altura. A rede de alerta está centralizada em Espanha, mas integra também Portugal, França, Alemanha e Reino Unido.Ontem, foi publicada uma notícia em Espanha, na revista Interviú, dando conta dos receios das autoridades daquele país com o tráfico de explosivos transfronteiriço. Fontes do Centro Nacional de Coordenação Antiterrorista espanhol dizem que as minas portuguesas se transformaram num "objectivo dos traficantes".Os fins não serão necessariamente apenas o terrorismo - podem também servir para crimes de delito comum, como assaltos a bancos. Segundo a Interviú, "os controlos não são tão apertados" em Portugal, e "grupos de delinquentes" portugueses estariam a vender explosivos a espanhóis. Ontem, questionado pelo DN a este propósito, o chefe do Gabinete Coordenador de Segurança, general Leonel de Carvalho reconheceu que "existe de facto a possibilidade" de explosivos obtidos em Portugal, nomeadamente através de roubos a minas e pedreiras, estarem a ser traficados para Espanha, para serem colocados ao serviço de redes terroristas. O general acrescentou, porém, que "até agora não há nenhuma prova que isso tenha acontecido".Apesar de reconhecer que a possibilidade existe, o general Leonel Carvalho insurge-se contra o facto de os espanhóis estarem constantemente a noticiar suspeitas de perigos originários de Portugal, sem que nada de confirmado se revele: "Era bom que eles o provassem antes de mandarem atoardas."Até ontem, não se sabia qual o destino dado ao material apanhado em Valença, mas, e de acordo com as investigações realizadas pelos vários países, "não há qualquer indício de que o roubo tenha sido realizado para o material ser usado em actos terroristas", referiu fonte policial. "Não recebemos qualquer informação dos outros países ". Neste últimos dois anos, desde que Portugal assinou o protocolo com os espanhóis, este foi o primeiro alerta lançado. A rede comporta todas as polícias espanholas e serviços secretos de todos os outros países.Na altura, e no âmbito das competências que lhe estão conferidas no que respeita ao controlo e fiscalização de armas e explosivos, a PSP enviou para o local uma equipa pertencente a este departamento para investigar a empresa e apurar se esta tinha ou não autorização para o uso daquele tipo de material. "Estava tudo legalizado", confirmou a fonte. Em Portugal, o roubo está a ser investigado pela Polícia Judiciária.
in Diário de Notícias
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