O presidente da Câmara de Tui, Galiza defendeu hoje a criação de uma área metropolitana internacional, com Valença, no Alto Minho, reivindicando para a atual eurocidade, formada pelas duas localidades vizinhas, o “papel de epicentro” da eurorregião luso-galaica.
“Temos que construir uma área metropolitana Valença e Tui, independente e não subordinada a ninguém mais”, afirmou Carlos Vázquez Padín, em Valença, durante a sessão de apresentação anuário da eurorregião Norte de Portugal-Galiza 2018.
No final da sessão, questionado pela agência Lusa, o autarca explicou ser “apologista da criação de um Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT), próprio, para Valença e Tui de forma a aprofundar a cooperar em áreas, atualmente, de gestão política e administrativa”.
Carlos Vázquez Padín que “seria importante” para atual eurocidade formada em 2012 pelas duas cidades e composta por cerca de 30 mil habitantes, “ter um AECT próprio para podermos gerir áreas em comum, como o turismo, a cultura, o desporto, os transportes, entre outras”.
“É uma discussão que estamos a fazer em conjunto. Há dificuldades, prós e contras”, disse.
Adiantou que as duas cidades vizinhas devem trabalhar com essa “mentalidade”, independentemente da designação que venha a ter a estrutura,
“Podemos ou não chamá-la de Área Metropolitana. Devemos é ter humildade, mas ambição para competir e atrair mais investimento, população e turistas”, reforçou.
Já o presidente da Câmara de Valença, Jorge Mendes, sublinhou que a pretensão do colega de Tui passa “dar uma certa autonomia à eurocidade para que as duas cidades possam ter políticas comuns”.
“Da nossa parte nós temos toda a autonomia para o fazer. Compreendo o repto do meu colega porque, do lado de lá, os municípios não têm essa autonomia. Precisam de fazer pactos com as deputações e com a Junta da Galiza. A execução das políticas dos municípios galegos depende, financeiramente, de orçamentos que são da deputação, e da Junta da Galiza”, afirmou.
Quanto à criação de um AECT Valença – Tui, Jorge Mendes disse tratar-se de “um sonho que todas as eurocidades existentes entre municípios portugueses e galegos acalentam há muito tempo, mas que precisa do apoio da União Europeia e dos Governos de Portugal e Espanha”, sendo que na eurorregião já existem dois, o AECT Galiza – Norte de Portugal e o Rio Minho.
A oitava edição do anuário da eurorregião Norte de Portugal – Galiza, relativo a 2018, hoje apresentado na Câmara de Valença, reúne relatórios, comunicações de responsáveis políticos, agentes sociais, jornalistas e instituições que operam na eurorregião Galiza – Norte de Portugal.
Lançado pelo AECT Galiza – Norte de Portugal, em parceria com a Junta de Galiza e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a publicação conta com uma tiragem de 500 exemplares, de distribuição gratuita, reunindo contactos das principais instituições das duas regiões, além da caracterização socioeconómica através de textos de jornalistas portugueses e galegos.
Na sessão de apresentação do anuário, o vice-presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, disse que a eurocidade Tui – Valença “tem ainda muitos passos pela frente para se consolidar” e manifestou a esperança que a Europa, apesar das eleições europeias de maio, continue a apostar na cooperação transfronteiriça
“Construir a Europa e construir é construir zonas transfronteiriças. Espero que esse seja um objetivo claro em toda a fronteira entre Portugal e Espanha, em particular, no Norte de Portugal e Galiza”, disse.
O vice-presidente da Junta da Galiza reforçou ser “muito melhor cooperar do que separar” e apontou o anuário hoje apresentado publicamente, como “testemunho do muito trabalho que se faz na eurorregião”.
Também a vice-presidente da CCDR-N, Ester Silva, referiu que a apresentação da oitava edição do anuário representa um momento “normalidade e de maturidade das relações que se estabelecem entre Norte de Portugal e a Galiza”.
“As duas regiões estiveram sempre muito próximas, são conhecidas as suas afinidades, mas do ponto de vista político essa afinidade nem sempre existiu. Após três décadas atingimos uma situação normal. Hoje apresentamos testemunhos do trabalho que fazemos na fronteira e isso traduz não só uma ideia de maturidade, mas uma atitude descomplexada desta cooperação”, reforçou.
Ester Silva acrescentou que apesar do “sentimento de dever cumprido” por terem sido concretizados “alguns dos objetivos que estabelecidos” a eurorregião “não está totalmente satisfeita por ser ambiciosa”.
“Num momento particularmente sensível do ponto de vista político, devido aos atos eleitorais que se avizinham e à discussão do novo quadro comunitário de apoio, a verdade é que esta zona de fronteira, sendo a mais desenvolvida e povoada entre Portugal e Espanha tem ainda problemas de desenvolvimento, desertificação e envelhecimento”, disse.
Lusa / AltoMinhoTv
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