A construção de um edifício projectado pelo arquitecto portuense Eduardo Souto Moura para o interior da Fortaleza de Valença está suspensa por falta de viabilidade da concretização do projecto. Souto Moura desenhou o futuro Centro de Interpretação das Fortalezas de fronteira no Norte de Portugal e Galiza, mas, no momento de a obra passar do papel para o terreno, verificou-se que o solo do local na chamada zona da Coroada, onde o imóvel seria edificado, não oferece estabilidade para o acolher। A Câmara viu-se obrigada a gastar mais 85 mil euros na reformulação de um projecto que inicialmente custaria cerca de 268 mil euros."Ninguém imaginou, nem o projectista, nem o empreiteiro, nem os serviços técnicos da Câmara, que o solo mesmo a alguma profundidade não tinha consistência suficiente para segurar o edifício", declarou ao JN o autarca José Luís Serra, revelando que, entretanto, "foi feito um projecto de alteração nessa vertente e já foi aberto novo concurso, porque o valor não permitia dar continuidade dentro das mesma empreitada".Micro-estacas"Durante este mês de Novembro estaremos em condições de fazer a adjudicação para esses trabalhos específicos de engenharia e que mais não são do que utilizar micro-estacas a uma maior profundidade para resolver o problema identificado ao longo da empreitada", acrescentou.A construção do edifício do Centro de Interpretação das Fortalezas de fronteira no Norte de Portugal e Galiza ainda terá sido iniciada, mas acabou por ser suspensa pelo próprio empreiteiro, com a autorização da Câmara, logo que se verificou que o terreno escolhido para a obra não seria compatível com o projecto gizado por Souto Moura.As fundações tal qual estavam pensadas não garantiriam a estabilidade do futuro imóvel, a construir numa zona de "aterro" como confirmou o autarca de Valença, pelo que a Câmara se viu obrigada a encomendar ao arquitecto portuense uma nova solução técnica para o problema que tenha em conta "a qualidade do terreno".O valor da reformulação onera o projecto para um investimento superior a 350 mil euros. Segundo José Luís Serra, actualmente, estarão reunidas praticamente todas as condições para que o trabalhos, entretanto suspensos, sejam reiniciados "até ao final do ano".O JN contactou ontem com o gabinete de arquitectura de Souto Moura, mas foi informado de que o arquitecto se encontrava "ausente", pelo que não foi possível conhecer a sua posição sobre este assunto.Lembre-se que Eduardo Souto Moura é também o autor do projecto de requalificação global da Fortaleza de Valença, em curso há cerca de três anos e cujo principal objectivo é restruturar grande parte das construções subterrâneas e, em simultâneo, alterar o aspecto exterior da zona amuralhada (ver caixa).Obras na FortalezaO autarca José Luís Serra aponta "2010" como o ano de conclusão da obra de requalificação da Fortaleza, tendo em conta que a segunda fase está prestes a ficar totalmente executada e que a terceira se iniciará em 2008. Esta intervenção de grande envergadura surgiu da necessidade de salvar da ruína a antiga Praça Forte de arquitectura militar, que está classificada como Monumento Nacional e tem também subjacente a pretensão de candidatar o município de Valença, conjuntamente com o seu vizinho de Tui (Espanha) a Património da Humanidade. Até agora foram investidos cerca de cinco milhões de euros nas primeiras duas fases da intervenção, mas falta ainda uma terceira e última que absorverá mais quatro milhões. A obra compreende um parque de estacionamento subterrâneo.
Ana Peixoto Fernandes
In Jornal de Notícias de 2007/11/13
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