terça-feira, 31 de março de 2009

Ministério Público pede "mão pesada" para gangue do McDonalds

O Ministério Público (MP) pediu hoje "mão pesada" para os seis elementos do chamado "gangue do McDonalds", acusados da autoria e co-autoria de três dezenas de crimes, entre os quais a morte de um gasolineiro em Valença.
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"O que fizeram foi muito grave e a sociedade reclama mão pesada dos tribunais para travar este aumento da criminalidade", afirmou a magistrada do MP, nas alegações finais do julgamento, que decorreu no Tribunal de Valença.
A magistrada, que hoje rebaptizou o grupo de "gangue dos paralelos", atribuiu a quatro dos arguidos a co-autoria do crime de homicídio qualificado, pela morte de um gasolineiro em Valença, com dois tiros na cabeça, durante um assalto, a 19 de Agosto de 2007, ao posto de combustíveis em que ele trabalhava.
O gasolineiro, Jorge Rocha, de 25 anos, morreu três dias depois, no Hospital de S. João, vítima de traumatismo cerebral.
Aos mesmos quatro arguidos foi também imputada a prática de um crime de homicídio, na forma tentada, pelos disparos efectuados sobre outro funcionário do mesmo posto.
Segundo a acusação, deduzida pelo MP, os seis arguidos "investiam" sobretudo em zonas isoladas e durante a noite ou madrugada, fazendo-se transportar em viaturas roubadas por "carjacking", sendo os seus alvos preferenciais, além das ourivesarias, os postos de abastecimento de combustíveis e os restaurantes fast-food da cadeia McDonalds na zona do Grande Porto e Vale do Sousa.
O MP classifica ainda os indivíduos, que tinham o seu "centro de actuação" na Maia, como "altamente violentos", usando armas de alarme e de fogo, entre as quais um revólver de calibre 12 milímetros, e bastões de basebol, além de pedras e paralelos em granito, que usariam para partir as montras dos estabelecimentos que pretendiam assaltar.
"Quando precisavam de partir montras, arremessavam os paralelos. Quando a porta estava aberta, deixavam-nos ficar no local. Era a sua marca. Como o Zorro deixava o Z, eles deixavam os paralelos", sustentou, hoje, a magistrada do MP.
Os advogados de defesa foram unânimes em pedir a absolvição dos arguidos, considerando que toda a acusação se baseou "em convicções" dos agentes da Polícia Judiciária "alicerçadas em conversas informais".
Criticaram ainda a procuradora por ter baseado as suas alegações apenas no depoimento de um inspector da Polícia Judiciária, "esquecendo por completo" o que disseram as restantes 162 testemunhas.
"Há apenas indícios e vestígios, mas não há quaisquer provas", defenderam.
Quanto ao homicídio do gasolineiro, os advogados de defesa desmontaram a tese da co-autoria, considerando que os arguidos não agiram em co-autoria, já que "quem fez os disparos mortais fê-lo de uma forma verdadeiramente inesperada e inopinada".
"Eles concertaram-se, isso sim, para ameaçar. Não para matar ou agredir. O disparo foi um acto isolado", alegaram, sublinhando ainda que "não foi possível" identificar quem efectuou os disparos mortais.
Os arguidos, que se remeteram ao silêncio ao longo de todo o julgamento, voltaram hoje a ficar calados.
A leitura do acórdão está marcada para 27 de Abril.
In RTP / LUSA

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