"Cheio, como sempre?". A pergunta do funcionário do posto de combustíveis da Campsa, em Tui, a menos de um quilómetro da fronteira com Valença, denuncia os portugueses, particulares, empresas e instituições, são clientes assíduos dos postos de abastecimento em Espanha. Ontem, dia em que Portugal se deparou com mais uma subida brusca do gasóleo e da gasolina, carros, camiões, carrinhas e até ambulâncias com matrícula lusa, faziam fila naquele posto. E eram até mais portugueses do que espanhóis. No intenso movimento sobressaíam duas ambulâncias dos Bombeiros Voluntários e da Cruz Vermelha de Valença."Os carros da corporação abastecem todos aqui. Os bombeiros têm um acordo com o fornecedor (espanhol)", confirma ao JN, o motorista dos bombeiros, Vítor Rodrigues, que os funcionários do posto já bem conhecem, por ali abastecer praticamente todos os dias. "Se não venho pelos bombeiros, venho com o meu carro. Abasteço gasóleo e ainda levo gás, que aqui também fica muito mais barato", afirma, comentando "Quem vive em Valença, como eu, já não abastece lá, só se for numa emergência. Ao Domingo, a partir da uma da tarde, por exemplo, isto aqui é um caos, não se rompe, com tantos portugueses". Imediatamente atrás da ambulância dos bombeiros, chega uma outra pertencente à Cruz Vermelha, também de Valença. "Se não vier aqui, vou onde?", atira Jaime Pereira, 70 anos, motorista voluntário da instituição. "Venho sempre aqui atestar, claro. Com as ambulâncias, com o meu carro e com o do meu neto", diz, referindo ainda "Aqui os combustíveis também sobem, mas a diferença continua a ser grande e compensa sempre".Ontem, naquele postos de Tui, o gasóleo custava 1, 248 por litro, a gasolina "95" 1, 206 e a "98" 1,349. Já na estação da Repsol de Valença, os preços, ainda sem a actualização que só vigorará a partir de hoje, estavam fixados em 1,343 o gasóleo, 1,454 a gasolina "95" e 1, 598 a gasolina "98". "É uma roubalheira. Não são só os que vendem o combustível, é o Estado que se está a aproveitar com os impostos", protestava Maria Fernanda Guerra, uma habitante de Ponte de Lima.
in, Jornal de Notícias
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