O dono da loja Artesanato Luso-Galaico, mesmo à entrada da muralha de Valença, diz que toca a sineta para chamar a clientela, mas as autoridades estão intrigadas com "tanta coincidência".
"Sempre que por ali passa algum dos três camaradas da ex-Brigada Fiscal, que são os que se dedicam ao combate à contrafacção, a sineta toca. Pode ser coincidência, mas é estranho porque quando somos nós, os da patrulha normal, nada acontece", disse ao Correio da Manhã um militar, que preferiu não se identificar.
Fernando Soares, que é dono da loja há já 21 anos, assegura que a dita sineta só tem funções de marketing. "Como vê eu estou num túnel e, embora passe por aqui muita gente, há sempre quem não repare e, ao tocar a sineta estou a dar sinal de vida", diz o comerciante, assegurando que "a sineta, ou campânula, como lhe chamam os espanhóis, até já passou a ser uma imagem de marca da loja".
No local, a nossa reportagem constatou que, à entrada dos militares, a sineta, de facto, toca, mas também verificou que toca em outras alturas, de forma aparentemente aleatória.
No entanto, a criação, há cerca de três meses, na GNR local, de uma equipa especial de vocação fiscal, agitou as águas da velha Fortaleza, uma das grandes zonas comerciais fronteiriças de Portugal.
A crise está a afectar o negócio, que segundo os comerciantes registou este ano uma quebra superior a 20 por cento, mas a ira dos donos das lojas vira-se sobretudo para a GNR, que acusam de perseguir o comércio tradicional.
COMERCIANTES DESCONTENTES
Desde que, há cerca de três meses, foi criada a equipa da GNR de Valença que se dedica às actividades fiscal, tributária e aduaneira, já foi apreendido, na região, material contrafeito no valor aproximado de 150 mil euros.
O intensificar deste combate tem provocado grande descontentamento junto de muitos dos comerciantes da Fortaleza de Valença, o local onde têm decorrido a maioria das acções da GNR.
"A Guarda está a matar o comércio de Valença", disse ao CM, Maria Leopoldina, quando a sua loja era alvo de uma acção de fiscalização.
Já Luís Dantas, dono de uma loja de têxteis lar, considera que "o problema é mesmo a crise que, de forma muito acentuada, está a afectar a vizinha Espanha".
in Correio da Manhã
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