segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Quando os Lindbergh aterraram de emergência no rio Minho, em 1933, com um relógio Longines no pulso. Novos elementos

Faz hoje precisamente 84 anos que o episódio se passou. Numa viagem de 47 mil km que fez pelo Atlântico Norte, em 1933, o aviador norte-americano Charles Lindbergh, acompanhado da mulher, Anne, passou por Lisboa, Açores e pela então colónia portuguesa de Cabo Verde. Levava no pulso um relógio Longines especialmente desenhado pela manufactura suíça para as funções de navegação aérea. Já nos tínhamos referido ao périplo aqui e aqui.
Acrescentamos agora alguns pormenores à história, retirados do livro Memórias - Diário de um inconformista (1938 a 1945), Volume II, Lisboa 1972, de Luís Lupi.
Este jornalista, correspondente na altura das agências noticiosas Reuter e Associated Press em Portugal, mal soube da aterragem (forçada) de Lindbergh e da mulher no rio Minho, junto de Valença, saiu disparado de Lisboa, acompanhado de Noberto Lopes e Diniz Salgado, redactor e fotógrafo, respectivamente, do Diário de Lisboa, num carro guiado por João Ortigão Ramos.
Numa entrada de 1940, Luís Lupi reflecte, em plena guerra, sobre a sorte do Papa. Sugere mesmo que o chefe da Igreja Católica possa ser obrigado ao exílio, nomeadamente em Portugal, no Convento de Mafra. Lembra-se do Vaticano e... vem-lhe à memória "O Vaticano", a alcunha de um restaurante de Monção. Recorda então o episódio de 1933 com Lindbergh.
"Fomos os primeiros a chegar ao sítio. Na margem portuguesa  do Minho acampámos, ansiosos, à vista do barco voador, que ali estava pousado a poucos metros de nós, como uma ave de arribação! Uma neblina fresca envolvia todo o cenário, como uma paisagem imaginada por Hitchcock, junto a um lago misterioso da Escócia. [...]
"Foi então que tivemos a nossa entrevista, que eu transmiti para o estrangeiro e o Norberto transformou numa página de reportagem literária no Diário de Lisboa, uma reportagem digna de antologia jornalística![...]
"Consegui ser o primeiro a telegrafar para Londres, via Lisboa..."
Em 2013, comemorando os 80 anos da viagem de Lindbergh, a Longines editava um modelo na sua linha Heritage, em ouro rosa ou em aço. Um cronógrafo automático, com taquímetro medindo velocidades até 500 km/h, numa caixa de 47,5 mm
No museu da Longines está um desenho original de Lindbergh, especificando as necessidades para um relógio de pulso, que a marca produziu para ele. A Longines também reeditou o Lindbergh Hour Angle Watch, evocando o relógio desenvolvido em 1931 para Lindbergh.
in estacaochronographica

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