Incansável viajante, Maria del Carmen Alonso adora Portugal e Nova Iorque. E também todo o norte de Espanha. Para clima de festa, prefere Andaluzia. Mas foi a cidade onde vive há várias décadas - Tui, na Galiza - que nos quis mostrar.
A relação entre Maria del Carmen Alonso e a Galiza e Portugal não começou da melhor maneira. Nascida na Venezuela, filha de emigrantes galegos, atravessou o Atlântico de barco com apenas sete anos. Acompanhada pela mãe, que foi deixá-la no Colégio interno das Irmãs Doroteias, em Pontevedra. “Foi muito difícil, os costumes, a gastronomia, o clima, era tudo muito diferente”. Além disso, lembra, “em Espanha havia muita pobreza, ao contrário da Venezuela, onde já havia auto-estradas, onde as pessoas tinham frigoríficos em casa. Mas os meus pais pensaram que eu teria uma melhor educação aqui”.
Eram os anos 60 e não era fácil passar fronteira. Nem podia dar um salto a Portugal, pois só tinha passaporte venezuelano. Só voltou a viajar para voltar visitar os pais na Venezuela quando tinha 12 anos. Voltou lá aos 40, para mostrar ao marido a sua terra natal. Em 1965, os pais voltaram e foram todos viver para Vigo, mas logo se mudaram para Tui, até porque o seu tio estava a montar um cinema mesmo no centro do município.
A primeira viagem que fez por opção foi a Maiorca, para passar a lua-de-mel. “Fui eu que organizei a viagem. Nessa altura, não havia muito o hábito de viajar em lua-de-mel, mas eu quis, até porque sempre gostei de aprender”, diz. Lembra-se até do entusiasmo que sentiu por poder ir conhecer pratos diferentes do que conhecia pois o hotel tinha cozinha internacional. “Levei comigo o livro de culinária que comprei com o meu primeiro salário. Sempre tive gosto em aprender”.
A partir daí foi sempre ela a organizar as viagens em família. Quis conhecer bem Portugal e Espanha, principalmente acampando, pois era mais barato. Seguiu-se França, Bélgica, Holanda, sempre de carro. Tornou-se uma incansável viajante e perita em organização de viagens. “Naquele tempo era preciso enviar cartas aos hotéis para reservar, não era tão fácil como hoje. Tinha de tratar de tudo com muita antecedência”.
Os tempos são, realmente, outros. Agora, basta pegar no carro para atravessar a Ponte Internacional, coisa que faz todos os dias para ir tomar café a Valença, até porque prefere o espresso português. E foi nestas curtas viagens diárias que começou a ler a Evasões, sempre disponível no café, assim como o JN, que começou a ler quando estava a aprender português.
O sua curiosidade e entusiasmo e a facilidade com que enceta uma conversa fazem de Carmen a melhor das guias. “Em cada viagem, ganho um amigo”, confessa feliz. Com ela percorremos cafés, visitámos a catedral, fomos provar os biscoitos produzidos pelas monjas clarissas e subimos ao Monte Aloia. E muito ficou por ver. Porque “é difícil ver Tui rapidamente”. (....)
ijn Evasões
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