terça-feira, 8 de junho de 2010

Valença um Exemplo na Reflorestação dos Baldios

Enquanto que por todo o país, a maioria das câmaras municipais (e outras entida­des) abatem e podam árvores, a maioria das vezes sem qualquer justificação ou informação aos munícipes, ainda há quem faça um esforço por remar contra a maré.
Em Valença, no mesmo con ce lho onde um depar ta mento da câmara assas sina as suas árvo res orna men tais, um gabi nete muni ci pal de pou cas, muito pou cas, pes­soas está a levar a cabo um meri tó rio tra ba lho de reflo res ta ção e arbo ri za ção de baldios.
O Gabi nete Téc nico Flo res tal da Câmara Muni ci pal de Valença tem como mis são flo res tar áreas de bal dio em que as comis sões, com pro va da mente, não pos suam capa ci dade téc nica e finan ceira para o fazer, mas dese jam ren ta bi li zar ou revi ta li zar estes espa ços comu ni tá rios. Mas o seu tra ba lho não se limita a “plan tar e esque­cer”, incluindo tam bém a manu ten ção des tas jovens flo res tas e acções de edu ca­ção ambi en tal. Espe cial aten ção mere cem as medi das con tra os incên dios, tendo sido cri a dos vários pon tos de água que incluem uma ino va ção muito sim ples – estão pin ta dos de ver me lho e branco para melhor localização.
Con tando ape nas com um téc nico, este gabi nete ini ciou a sua acti vi dade em 2005. Depois de muito esforço e dedi ca ção, e con se guido o reco nhe ci mento da edi li­dade, realizou-se em 2008 um pro to colo com a Asso ci a ção de Pro du to res Flo res­tais do Vale do Minho, que per mi tiu pas sar a dis por de uma equipa de cinco sapa­do res, hoje encar re gues de uma área de 6492 ha. Des tes, ape nas 554 ha são de povo a mento misto de euca lipto e pinheiro, contando-se ainda 3128 ha de pinheiro bravo e 2819 ha de folho sas diver sas. Actu almente, o chefe do gabi nete conta ainda com a ajuda de mais uma geografa.
Ape sar de mui tas das árvo res plan ta das per ten ce rem a espé cies exó ti cas, como cipres tes (Cha ma es sy pa ris sp. e Cupres sus sp.), carvalho-americano, castanheiro-da-índia entre outras, estão tam bém a ser usa das espé cies autóctones.
O recurso às espé cies exó ti cas prende-se, prin ci pal mente, com a dis po ni bi li dade de semen tes cer ti fi ca das nos vivei ros flo res tais, bem como com a neces si dade dos pro pri e tá rios dos bal dios de ren ta bi li za rem mini ma mente estes ter re nos. Mas sem pre que pos sí vel, o enge nheiro Edu ardo Afonso, res pon sá vel pelo gabi nete, pro move a plan ta ção de espé cies autóc to nes como a cere jeira, o freixo, o pinheiro-manso, a bétula, o carvalho-alvarinho, o cas ta nheiro e até o aze vi nho e o medro­nheiro. Se, pro gres si va mente, se for con se guindo con ven cer os pro pri e tá rios a recor rer a estas espé cies (de ren ta bi li za ção mais apra zada), em detri mento das exó ti cas, seria a situ a ção ideal.
Con tam já com apro xi ma da mente 30 000 árvo res seme a das e trans plan ta das, estando pla ne ada a intro du ção em Novem bro de mais 20 000 carvalhos-americanos. Mas não se pense, dada a enorme área à sua res pon sa bi li dade, que os meios são mui tos. A maior parte do que aqui é feito é mais devido à boa von­tade, ao esforço e à ima gi na ção, do que a gran des orça men tos ou infra-estruturas.
Bom exem plo disso é o seu viveiro, alvo de pia das e alguma polé mica por parte de alguns, mas orgu lho dos seus dina mi za do res. Com mate ri ais sim ples e muito pouco orça mento, este viveiro já conta com 20 000 peque nas árvo res à espera de trans plante. A reu ti li za ção de resí duos como copos e gar ra fões de plás tico é regra, não se des per di çando nada. Este espaço tem a vir tude de pro por ci o nar alguma inde pen dên cia eco nó mica rela ti va mente aos vivei ros pois, com pouco finan ci a­mento, per mite criar milha res de exem pla res. Por outro lado, pode ria vir a ser, se apoi ado, uma mais valia para o pro jecto e para o concelho.
Mas até as melho res ini ci a ti vas podem ser alvo da mais ver go nhosa inveja. Disso é prova o roubo de mais de 500 exem pla res, mui tos deles car va lhos e frei xos plan­ta dos junto às mar gens do Rio Minho. Mas não é isso que desa nima este empe­nhado grupo de pro fis si o nais, e todas estas árvo res já foram substituídas.
Uma vez que ainda há milha res de hec ta res a cui dar e mui tos outros a flo res tar, espera-se que os recur sos para con ti nuar este tra ba lho não venham a fal tar mas, pelo con trá rio, se garanta o futuro des tas jovens florestas.
O meu desejo é que estas ini ci a ti vas pudes sem dei xar de ser um bom exem plo, para pas sa rem a ser a regra.
Por Miguel Rodrigues em Árvores de Portugal

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