Foi a 1 de Janeiro de 1990 que o comboio deixou de virar à direita pouco depois de sair da estação de Valença, rumo a Monção. Mas foram precisos 14 anos para que se desse o passo decisivo e se concluísse a primeira fase do projecto da Ecovia do Minho, totalmente construída num percurso ferroviário. A viagem deixou de ter o peso da história para passar a ter o ritmo dos pedais ou a cadência das passadas dos caminheiros. Pelo percurso surgiram pontos de apoio para quem se faz à estrada.
O projecto contemplou a recuperação de todas as infra-estruturas de apoio à actividade ferroviária, transformando algumas estações em centros de interpretação, como é o caso de Ganfei, em Valença, e Cortes, em Monção. Curiosamente, estão encerrados aos fins-de-semana, quando têm maior afluência.
Percorrer este trajecto, que muitas vezes se assemelha a um túnel verde, quase sempre ladeado pelo rio Minho, proporciona uma experiência única. A mesma experiência bucólica espelhada no olhar dos antigos maquinistas.
Desde a sua inauguração que esta ecopista se tornou a maior atracção desportiva da região Norte, atraindo não só portugueses como espanhóis, estando quase sempre estes em maior número, já que a fronteira fica a escassas centenas de metros, cruzando o curso de água. O que antes separava, une agora os dois países neste passeio contemplativo.
Não encontramos nenhuma indicação da ecopista à chegada a Valença. Nem uma placa. Procuramos então a linha ferroviária que fazia a ligação entre Valença e Monção - pela lógica, não deve ser muito longe da actual estação de caminhos-de-ferro. Um trauseunte diz-nos que começa um pouco mais adiante, onde a linha bifurca e se dirige para Este, rumo a Monção. Em cheio!
Encontramos o velho apeadeiro de Ganfei convertido em posto de informação, e é daí que começamos a pedalar. O piso está alcatroado e revestido de uma película sintética que torna os passeios agradáveis.
O dia está excelente para passeios, uma aragem fresca corre entre as grandes árvores que nos protegem, em alguns troços do trajecto, do sol que rapidamente começa a aquecer. Avistam-se os vinhedos do Alvarinho, típico da região.
Num instante alcançamos a primeira estação, delimitada por barreiras de madeira que servem para evitar que os ciclistas entrem imprudentemente nos cruzamentos, onde noutros tempos existiam passagens de nível. Seguimos. Adiante avistamos, do outro lado do rio, a catedral da pequena vila espanhola de Tui, que se destaca entre o velho casario.
A paisagem pede uma pausa para fotografar à sombra de um carvalho. Retomamos caminho pelo tapete vermelho, ainda nos domínios de Valença, mas assim que entrarmos em Monção, o piso muda de cor, para um bege esbatido que se confunde com areia.
Nas estações de Ganfei, Verdoejo, Friestas, Lapela e Cortes, foram criados alguns abrigos (e casas-de-banho, que tantas vezes faltam nestes percursos) para apoio a ciclistas e visitantes. Em Friestas, há também um parque de estacionamento, uma zona de lazer e um abrigo de madeira, ao estilo das antigas construções.
De destacar também as pontes metálicas do Manco, sobre o rio Furna, em Friestas, e a do rio Gadanha, ambas no troço de Monção. Estas foram as primeiras do género no país, sendo por isso referenciadas como Património Ferroviário pela REFER.
Continuamos a pedalar - quem nos vê até pode julgar que temos prática, mas o percurso da ecovia não exige grande preparação física, apenas alguma resistência. Pior há-de ser no dia seguinte, mas isso são contas de outro rosário...
A vista distrai-nos, ora são os campos de cultivo, que já estão pintados com cores outonais, ora são os miradouros sobre o rio Minho. Bem cedo, é possível avistar algumas espécies de aves que habitam este ecosistema graças ao tipo de vegetação ripícola (que vive nas margens dos rios). É o caso do pato real, mas também do melro, do milhafre, mocho, gavião ou mesmo do faisão.
A ecovia ainda não chega ao centro de Monção, o que é pena, detendo-se pouco depois de Cortes e antes da ligação viária à localidade espanhola de Salvaterra de Miño. É aí a nossa meta, que alcançámos sem acidentes de percurso.
Mas alguém se esqueceu do carro de apoio, por isso, à falta de outro transporte, repomos energias e fazemos o percurso no sentido inverso. Calmamente. Por esta altura, o estômago já dá horas e o nosso GPS procura um restaurante tipicamente minhoto no centro histórico de Valença.
Demoramos um pouco mais, mas cumprimos mais esta etapa. Foram 24 quilómetros de viagem, sempre a pedalar, em pouco mais de três horas.
Como ir
No Porto, apanhar a A3 na direcção de Braga /Valença. Sair para Valença e continuar por mais dois quilómetros até ao centro da cidade. A ecopista fica no antigo apeadeiro de Ganfei, convertido em posto de informações, mas atenção que não há sinalética. E o posto fecha aos fins-de-semana.
in Sol
O projecto contemplou a recuperação de todas as infra-estruturas de apoio à actividade ferroviária, transformando algumas estações em centros de interpretação, como é o caso de Ganfei, em Valença, e Cortes, em Monção. Curiosamente, estão encerrados aos fins-de-semana, quando têm maior afluência.
Percorrer este trajecto, que muitas vezes se assemelha a um túnel verde, quase sempre ladeado pelo rio Minho, proporciona uma experiência única. A mesma experiência bucólica espelhada no olhar dos antigos maquinistas.
Integrando um pequeno 'comboio' de bicicletas, partimos de Valença rumo a Monção, num percurso tranquilo de aproximadamente 12 quilómetros, sem subidas nem descidas, por isso ideal para se fazer em família. Há quem opte pela bicicleta - como nós -, outros testam o piso sintético com os patins em linha, e outros ainda seguem, sem pressa, a pé.
Desde a sua inauguração que esta ecopista se tornou a maior atracção desportiva da região Norte, atraindo não só portugueses como espanhóis, estando quase sempre estes em maior número, já que a fronteira fica a escassas centenas de metros, cruzando o curso de água. O que antes separava, une agora os dois países neste passeio contemplativo.
Não encontramos nenhuma indicação da ecopista à chegada a Valença. Nem uma placa. Procuramos então a linha ferroviária que fazia a ligação entre Valença e Monção - pela lógica, não deve ser muito longe da actual estação de caminhos-de-ferro. Um trauseunte diz-nos que começa um pouco mais adiante, onde a linha bifurca e se dirige para Este, rumo a Monção. Em cheio!
Encontramos o velho apeadeiro de Ganfei convertido em posto de informação, e é daí que começamos a pedalar. O piso está alcatroado e revestido de uma película sintética que torna os passeios agradáveis.
O dia está excelente para passeios, uma aragem fresca corre entre as grandes árvores que nos protegem, em alguns troços do trajecto, do sol que rapidamente começa a aquecer. Avistam-se os vinhedos do Alvarinho, típico da região.
Num instante alcançamos a primeira estação, delimitada por barreiras de madeira que servem para evitar que os ciclistas entrem imprudentemente nos cruzamentos, onde noutros tempos existiam passagens de nível. Seguimos. Adiante avistamos, do outro lado do rio, a catedral da pequena vila espanhola de Tui, que se destaca entre o velho casario.
A paisagem pede uma pausa para fotografar à sombra de um carvalho. Retomamos caminho pelo tapete vermelho, ainda nos domínios de Valença, mas assim que entrarmos em Monção, o piso muda de cor, para um bege esbatido que se confunde com areia.
Nas estações de Ganfei, Verdoejo, Friestas, Lapela e Cortes, foram criados alguns abrigos (e casas-de-banho, que tantas vezes faltam nestes percursos) para apoio a ciclistas e visitantes. Em Friestas, há também um parque de estacionamento, uma zona de lazer e um abrigo de madeira, ao estilo das antigas construções.
De destacar também as pontes metálicas do Manco, sobre o rio Furna, em Friestas, e a do rio Gadanha, ambas no troço de Monção. Estas foram as primeiras do género no país, sendo por isso referenciadas como Património Ferroviário pela REFER.
Continuamos a pedalar - quem nos vê até pode julgar que temos prática, mas o percurso da ecovia não exige grande preparação física, apenas alguma resistência. Pior há-de ser no dia seguinte, mas isso são contas de outro rosário...
A vista distrai-nos, ora são os campos de cultivo, que já estão pintados com cores outonais, ora são os miradouros sobre o rio Minho. Bem cedo, é possível avistar algumas espécies de aves que habitam este ecosistema graças ao tipo de vegetação ripícola (que vive nas margens dos rios). É o caso do pato real, mas também do melro, do milhafre, mocho, gavião ou mesmo do faisão.
A ecovia ainda não chega ao centro de Monção, o que é pena, detendo-se pouco depois de Cortes e antes da ligação viária à localidade espanhola de Salvaterra de Miño. É aí a nossa meta, que alcançámos sem acidentes de percurso.
Mas alguém se esqueceu do carro de apoio, por isso, à falta de outro transporte, repomos energias e fazemos o percurso no sentido inverso. Calmamente. Por esta altura, o estômago já dá horas e o nosso GPS procura um restaurante tipicamente minhoto no centro histórico de Valença.
Demoramos um pouco mais, mas cumprimos mais esta etapa. Foram 24 quilómetros de viagem, sempre a pedalar, em pouco mais de três horas.
Como ir
No Porto, apanhar a A3 na direcção de Braga /Valença. Sair para Valença e continuar por mais dois quilómetros até ao centro da cidade. A ecopista fica no antigo apeadeiro de Ganfei, convertido em posto de informações, mas atenção que não há sinalética. E o posto fecha aos fins-de-semana.
in Sol
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