O presidente da Junta de Cristelo Côvo, em Valença, criticou hoje, terça-feira, o "eterno adiamento" da construção de um viaduto na freguesia para eliminar uma passagem de nível onde já morreram "pelo menos" 12 pessoas.
"É uma obra urgente há largos, largos anos. Os acidentes são uns a seguir aos outros, mas, infelizmente, tudo se mantém na mesma", referiu à Lusa Augusto Natal.
Apenas dotada de sinalização vertical, a passagem de nível de Cristelo Covo foi esta terça-feira palco de mais um acidente, com um comboio a colher uma carrinha, ferindo com gravidade os seus três ocupantes, vindo um deles a falecer no hospital.
Segundo Augusto Natal, a Junta de Cristelo Côvo já ofereceu à Refer, há seis anos, os terrenos necessários à construção do viaduto, que comprara por cerca de 40 mil euros. O projecto também já está pronto "há uns cinco anos" mas a obra "não ata nem desata".
"Para mim, isto só pode ser falta de vontade política do anterior executivo camarário [presidido por José Luís Serra, do PS], que nunca ligou a este assunto nem quis saber de negociar com a Refer", acusou.
O autarca, que mora mesmo junto à passagem de nível, diz que já assistiu à morte de "pelo menos" 12 pessoas naquela travessia, três das quais num acidente ocorrido há cerca de 17 anos em que morreram duas mulheres e uma criança.
A passagem de nível, situada no lugar de Segadães, em pleno centro da freguesia, não dispõe de qualquer sinalização sonora ou luminosa.
"Há mais de 20 anos que luto pela eliminação desta autêntica guilhotina", afirmou Natal.
Admitiu que a passagem terá visibilidade para cerca de 400 metros de cada lado da linha, mas não deixou de sublinhar que, mesmo assim, é "bastante perigosa", não só devido à falta de barreiras ou de sinalização luminosa e sonora, mas também pela "inclinação" do terreno no local.
Contactado pela Lusa, o actual presidente da Câmara, Jorge Mendes (PSD), informou que já estava marcada para o dia 16 uma reunião com a Junta de Cristelo Côvo e os técnicos da Refer expressamente para tratar da construção do viaduto.
Jorge Mendes considerou a construção do viaduto "prioritária" para a Cristelo Côvo e para o concelho de Valença e assegurou que a Câmara está disponível para comparticipar a obra, "dentro das suas limitações financeiras".
in Jornal de Notícias
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