quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Povo de Cristelo diz que vive com o coração nas mãos


Encerramento de passagem de nível está protocolado entre Câmara e REFER há mais de 12 anos.
Cristelo Côvo, em Valença, exige há anos o encerramento da passagem de nível onde se verificou o acidente de anteontem, que causou uma vítima mortal. Câmara e REFER reúnem-se no dia 16 para analisar a situação.
O acidente numa passagem de nível sem guarda em Cristelo Côvo, Valença que anteontem vitimou uma mulher e deixou feridos outros dois acompanhantes de distribuição de publicidade, não surpreendeu ninguém numa freguesia que se diz já habituada a viver com o coração nas mãos por causa do comboio.
"Já ali apanhei uns valentes sustos. Chego lá e paro, mas muitas vezes facilita-se…", conta Manuel Gomes, 61 anos, cantoneiro há 16 anos em Cristêlo Covo. "Numa altura, ia com uns quatro no carro. Chegamos à passagem de nível, um olhou para um lado e outro para outro, e disseram 'não vem nada'. Atravessei a linha e logo o comboio passou por trás de nós", recorda, prosseguindo: "Aqui há uns tempos também vinha de motorizada, vi um farol e pensei 'é da estrada', mas depois estranhei e só tive tempo de meter prego a fundo. Foi a minha sorte".
"Há uns 20 anos houve um acidente com uma mulher e aí há dois um emigrante também foi apanhado ali. Uma pessoa passa ali com o coração nas mãos. Eu agora até já nem vou muito por ali, prefiro ir à volta", conta. "À volta" quer dizer utilizar uma passagem construída há alguns anos uns cem metros a Sul da passagem de nível sem guarda do lugar de Souto de Magos, para que esta pudesse ser encerrada tal como a população há muito reclama. Dando conta existirem, no concelho, cinco passagens-de-nível, fonte da REFER assinala que a eliminação da de Cristelo Côvo está prevista em protocolo firmado "antes de 1997", sendo mesmo a única dessas travessias que não foi, ainda, intervencionada. A propósito, indicou que, ao abrigo do protocolo, "a Câmara deveria assumir os encargos da obra".
Diferente opinião tem o autarca de Valença, Jorge Mendes. Evidenciando que "não terá havido ainda um entendimento" entre a REFER e a autarquia quanto aos trabalhos a realizar, vaticina: "Não competirá unicamente à autarquia a realização dos trabalhos". Câmara e REFER reúnem-se no dia 16 para analisar a questão. Ferida no acidente, Liliana, de 23 anos, poderia ter alta ainda ontem do Hospital de Viana do Castelo. Mais grave apresentava-se o estado de saúde de Donato Faria, que foi conduzido ao Hospital de Santo António, no Porto, com vários traumatismos. Sujeito a uma cirurgia, permanece aí internado, em estado considerado grave.
in Jornal de Notícias

Sem comentários:

Enviar um comentário