segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Cinco membros do "gangue do McDonalds" remeteram-se ao silêncio, o sexto diz-se inocente

Cinco dos seis membros de um gangue acusado do homicídio de um gasolineiro em Valença e de vários outros crimes violentos na região Norte remeteram-se hoje ao silêncio, na primeira sessão do julgamento dos crimes, no tribunal daquela comarca.
O outro arguido, o único dos seis que não está em prisão preventiva, declarou-se inocente.
"Nada disto [acusação] corresponde à verdade. Devo estar aqui metido à força pela Polícia Judiciária", referiu.
O julgamento, que decorre sob fortes medidas de segurança, incidiu neste primeiro dia apenas sobre quatro crimes: um de furto qualificado, relacionado com uma viatura que estava na via pública e de que alguns dos arguidos se apoderaram, e três de roubo qualificado.
Estes crimes dizem respeito ao roubo de uma viatura por "carjacking", ao assalto a uma ourivesaria em Paredes de Coura, de onde levaram peças avaliadas em mais de 14 mil euros, e com a tentativa de assalto a uma outra ourivesaria em Monção, que não foi consumada por entretanto o proprietário ter afugentado os larápios, apontando-lhes uma arma de fogo.
Segundo a acusação, os indivíduos que tinham o seu "centro de actuação" na Maia eram "altamente violentos", usando armas de alarme e de fogo, entre as quais um revólver de calibre 12 milímetros, e bastões de basebol, além de pedras e paralelos em granito, que usariam para partir as montras dos estabelecimentos a assaltar.
"Investiam" sobretudo em zonas isoladas e durante a noite ou madrugada, fazendo-se transportar em viaturas roubadas por "carjacking", sendo os seus alvos preferenciais, além das ourivesarias, os postos de abastecimento de combustíveis e os restaurantes fast-food da cadeia McDonalds na zona do Grande Porto e Vale do Sousa.
Ficaram mesmo conhecidos por "gangue do McDonalds".
São acusados da autoria ou co-autoria de mais de 30 crimes, o mais grave dos quais o homicídio do funcionário de um posto de abastecimento de combustíveis em Arão, Valença, que foi atingido por dois tiros na cabeça durante um assalto, a 19 de Agosto de 2007.
O gasolineiro, Jorge Rocha, de 25 anos, morreu três dias depois, no Hospital de S. João, vítima de traumatismo cerebral.
Durante o assalto, em que foram roubados cerca de 1.500 euros, o funcionário foi ainda alvo de um terceiro disparo, feito por um dos assaltantes, quando fugia com o dinheiro.
Homicídio qualificado na forma tentada, dano com violência e detenção de arma proibida são outros dos crimes que constam da acusação.
Três dos arguidos já têm antecedentes criminais, tendo cumprido penas de prisão por crimes como homicídios qualificados na forma tentada, furtos qualificados e tráfico de estupefacientes.
Na altura em que se registaram os factos agora em julgamento em Valença, encontravam-se em liberdade condicional.
Em inícios de Fevereiro de 2008, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou o desmantelamento total do gangue, com a detenção de três indivíduos, um na França, outro em Espanha e um terceiro no Alto Minho.
As autoridades realizaram ainda duas buscas domiciliárias às residências habitadas pelos suspeitos detidos no Alto Minho e na Galiza, tendo apreendido vários objectos alegadamente utilizados para a prática de roubos, nomeadamente uma viatura de alta cilindrada roubada, duas caçadeiras de canos serrados, diversas munições, gorros e luvas.
Com uma acusação de perto de 100 páginas, o julgamento tem mais treze audiências marcadas, a última das quais prevista para 11 de Março.
VCP. Lusa/fim

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