O documentário “Mulleres da Raia” da realizadora valenciana Diana Gonçalves estreia, hoje, 12 de Julho, na capital, na Cinemateca Portuguesa às 21h30.
O Município de Valença orgulha-se do primeiro filme da produtora e realizadora luso-galaica Diana Gonçalves, se projectar em Lisboa, depois de um longo percurso em solitário e com escassos apoios financeiros. A Câmara Municipal tem acompanhado este documentário, colaborando na sua publicitação e projecção.
Numa primeira leitura do trajecto deste documentário, parece estranha a dificuldade de exibição entre em Portugal de “Mulleres da Raia”, bastante mais divulgado na Galiza e na sua terra natal Valença do Minho, onde as exibições se sucederam com bastante regularidade, chegando finalmente à capital onde foi recentemente projectado, numa sessão que decorreu na Casa da Achada.
O documentário que através da força da palavra e do encontro entre mulheres de várias gerações, constrói o passado com a memória ainda viva e presente.
“Mulleres da Raia” recupera a memória da fronteira minhota e a sua transformação e relata um episódio importante da história do século XX, protagonizado por uma geração de mulheres que, com a sua actividade, realizavam um intercâmbio diário com o país vizinho. Os fenómenos do contrabando e a emigração clandestina, durante os períodos ditatoriais franquista e salazarista, são tratados neste trabalho cinematográfico desde a perspectiva de género.
Uma proposta pioneira e arriscada para uma produção independente que, ao fim de um ano, viu a luz. Uma história de luta diária, esquecida pelo tempo e a própria história que a realizadora recupera para o grande ecrã.
“Mulleres da Raia”, estreou em Março de 2009, no Play-Doc, Festival Internacional de Cinema Documental (Tui, Galiza), um dos principias festivais de documentário de Espanha, onde esgotou a sessão e encheu o auditório. Como padrinho da estreia, Audrius Stonys, documentarista lituano, autor de várias obras destacadas no género do documentário.
Após a exibição na secção informativa do certame, “Mulleres da Raia” encetou uma caminhada à descoberta do público que o levaria, em Abril de 2009, aos Caminhos do Cinema Português, em Coimbra, onde foi distinguido com o Prémio da Imprensa para o Melhor Filme.
Seguiu-se em Junho do mesmo ano o Cinesul, Festival Iberoamericano de Cinema, no Rio de Janeiro. No mês seguinte o Filminho, Festival de Cinema Galego e Português, onde recebeu o Prémio Cinema Minhoto e em Outubro esteve na Secção Panorama do Festival de Cine Internacional de Ourense (Galiza). No mês de Novembro, participou na Secção Oficial do FIKE, Festival Internacional de Curtas-metragens de Évora, e em Abril de 2010 viu-se distinguido com o Prémio Mestre Mateo, Melhor Documentário 2009, da Academia Galega do Audiovisual.
O Filme foi, também, projectado nos Cinemas Maldà em Barcelona e em vários museus e instituições de cinema como o Museo de Arte Contemporánea MARCO (Vigo) , Centro Galego das Artes da Imaxe CGAI (A Coruña) e emitido pela TVG Televisión de Galicia (2010).
“MULLERES DA RAIA NA RUA” foi o nome que a realizadora pensou para a projecção itinerante do documentário nas vilas da fronteira minhota tornado assim o seu palco principal a rua. Projecções ao ar livre e na praça pública com um significado construído. As ruas estavam cheias de gente para ver o seu cinema e ouvir a sua história.
Agora, é a Cinemateca que dá luz a esta história que mostra outro olhar sobre o país, que convida a reflexão sobre a memória, e a intervenção sobre a nossa realidade.
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