“Injustiçado”. Era desta forma que José Lopes Rodrigues, o ex-vereador da Câmara de Valença, pretendia assumir a sua defesa perante o Tribunal local no debate instrutório que estava marcado para esta terça-feira, e em que é acusado da co-autoria do misterioso desaparecimento de um empresário galego. Uma diligência que foi adiada "sine die" já que, de acordo com fonte ligada ao processo, "faltava a notificação de algumas testemunhas". Mesmo agora, ao fim de dez anos, há quem insista que o corpo de Guillermo Collarte permanece numa das obras que deixou inacabadas.
“Tenho no meu coração que ele foi colocado no meio da placa de cimento, debaixo dos correios [instalados no piso térreo do edifício]”, diz Domingos Ribeiro, de 65 anos, antigo empregado do empresário, dando voz à tese mais falada na altura e que agora voltou a ensombrar Valença. Certo é que a investigação feita em 1999 nada apurou e o mistério ainda hoje permanece. “Podem procurar onde quiserem. Para mim está ali naquele prédio”, insiste. Antes de desaparecer, o empresário, natural de Ourense, Galiza, deixou várias obras inacabadas em Valença. Um deles o referido prédio, de quatro andares, habitacional e de comércio, que apenas foi concluído em 2004, mas que cinco anos antes a sua construção estava ainda nos alicerces do rés-do-chão. Uma década depois do misterioso desaparecimento de Guillermo Collarte, a memória deste galego volta a inquietar a população de Valença, com o Ministério Público português a acusar quatro pessoas pelo alegado sequestro e desaparecimento, entre os quais dois sócios, espanhóis, e um antigo vereador na Câmara de Valença, que era o seu gestor administrativo e agora é um dos principais suspeitos. “É o azar de ter estado com ele naquele dia. Como fui eu, podia ter sido qualquer outro”, afirma o antigo vereador do CDS-PP, José Lopes Rodrigues. A 05 de Outubro de 1999 o antigo vereador e Collarte estavam acompanhados por José Gerardo e Luís S.L. - também arguidos -, empresários com interesses comuns na construção civil, durante uma visita a obras em Valença. O quarto arguido é o português Victor B., preso por assaltos a bancos, apontado pelo MP como autor do, alegado, encomendado sequestro. A audiência preliminar, com base na acusação do MP de Valença, estava agendada para hoje mas acabou por ser adiada, sem data.
in Rádio Geice
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