domingo, 30 de agosto de 2015

A CATEDRAL DE SANTA MARIA

Situada no centro do conjunto histórico sobressai pelo seu caráter fortificado. Máximo expoente da riqueza artística de Tui foi iniciada no século XII, possivelmente sobre as ruínas dum templo anterior. A sua planta edifica-se em estilo românico; a sua abside (transformada logo no século XV), os muros exteriores, a fachada norte e a magnífica iconografia dos seus capiteis com temas zoomórficos e florais. Característica peculiar, que só encontramos na catedral de Santiago e o amplo transepto, com três naves. O estilo do trabalho na sede tudense espalha-se por toda a diocese, com exemplos sobranceiros a ambos lados do Minho, por exemplo na igreja de Sanfins ou Ganfei, em Valença. 
As obras retomaram-se por volta de 1170. A um gótico nascente corresponde o culminar da nave central - com mais altura; a transformação da tribuna em trifório com a sua galería; a cobertura das naves laterais com abóbadas de cruzaria e, salienta especialmente, a fachada principal, primeira deste estilo realizada na Península Ibérica, possivelmente por um grupo procedente de França. No seu tímpano estão representadas diversas cenas relacionadas com o nascimento de Cristo em dois registos. Ladeia esta portada um grupo de colunas com personagens de tradição bíblica - da esquerda para a direita: Moisés, Isaías, S. Pedro e S. João Batista, no outro lado, Daniel, Jeremías, e Salomão com a raínha de Sabá, que a tradição tudense identifica com Fernando II e a sua mulher dona Urraca.
Esta sobreposição de estilos e estruturas provoca problemas de estabilidade na Catedral, que obriga à colocação de contrafortes ou tirantes no século XV, na nave central e altera na perspetiva e visão do templo.
No seu interior podemos contemplar numerosos elementos decorativos de diversas épocas e estilos artísticos. Destaca-se o retábulo da “Virgem da Expectación”, uma obra do escultor de Redondela Antonio del Villar, do ano 1722. No entanto, o estofado é obra dos irmãos Fagundes, de Braga, realizada em 1728.
A capela das relíquias ou de San Telmo, possui dois tramos; o primeiro realizado pelo bispo Diego de Torquemada, no século XVI e onde se situa a sua sepultura, e o segundo, obra do séc. XVIII, com uma cúpula sobre pechinas. Preside à Capela o singular altar relicário realizado em 1735 por Francisco Castro, com muitas das relíquias depositadas em artísticos relicários, obras de ourives tudenses, em alguns casos de ascendencia judaica.
Na capela maior, reformada no séc. XVI alterando o seu aspeto românico original, está situado, atualmente, o coro construído em 1699 por Francisco Castro Canseco, com episódios da vida de S.Telmo e de Nossa Senhora, assim como diversos santos de devoção na diocese. A cadeira episcopal corresponde ao cadeirado da Sala Capitular, realizada por Domingo Rodríguez de Pazos, em 1712.
Uma peça singular do mobiliário litúrgico barroco é o monumento de Quinta-feira Santa, desmontável e hoje na nave do Evangelho. Na sacristia, um magnífico arcaz, obra também do mestre Domingo Rodríguez de Pazos do ano 1712, onde figura talhada a representação, curiosa, dum “índio gaiteiro”.
No Museo Catedralicio destacam-se o “cálice de côco” do séc. XV e a talha da Virgem, conhecida como “A Patrona”, datada no século XIV, a custódia processional e um fragmento do primitivo retábulo maior, de pedra calcária de 1520.
O claustro é o único gótico conservado nas catedrais galegas. Destacar a paisagem que se contempla desde o torreão dos Soutomaior e a primitiva Sala Capitular românica do século XII.

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