O Caminho de Santiago é uma das marcas da identidade da Eurocidade. As rotas de peregrinação do Norte de Portugal confluíam sempre em Valença, existindo testemunhos/vestígios que documentam a tradição jacobeia: em Fontoura o Senhor dos Caminhos e o Cruzeiro Setecentista com o cajado e a vieira; em Cerdal a ponte romano/medieval; em Arão o lugar da Albergaria; e em Valença a Fortaleza, a Pedra Jacobeia do Cais e a Ponte Metálica Internacional. Estas são marcas da história e da simbología jacobeia, associadas a muitas lendas como a da Rainha Santa Isabel e da Fonte Santa.
Os peregrinos cruzavam o río Minho nas barcas existentes para se encaminharem até à Catedral de Tui. A vía de peregrinação era o caminho real que, herdeiro da vía XIX da época romana, ia ter ao Vale da Louriña, passando pela Capela de Nosa Señora do Camiño, em Rebordáns. Em Ribadelouro cruzavam o regato San Simón na “Ponte das Febres” e de seguida a Ponte da Madalena, entrando nas Gándaras de Budiño.
A Catedral conserva um culto imemorial ao Apóstolo Santiago sendo testemunhado pelo retábulo existente. A tradição aponta que o primeiro bispo tudense, S. Epitácio, foi seu discípulo morrendo também martirizado.
A Catedral acolhia os peregrinos no seu trifório e estava dotada de um “Maior Turibulus” ou botafumeiro, do que conservamos no cruzeiro as mísulas decoradas com atlantes policromados.
Em Tui contavam-se três hospitais que acolhiam os peregrinos. O primitivo hospital tudense foi fundado em 1181 junto à Catedral, modificado no século XVI e finalmente reedificado pelo bispo Juan Manuel Rodríguez Castañón, em 1756. Na atualidade acolhe o Museo da diocese de Tui-Vigo. Existia, ainda, o hospital de San Xián dos Gafos, situado nos arredores de Rollo e o de Santa Maria de Bongoi, localizado na freguesia de Rebordáns.
Neste caminho português há documentados de peregrinos desde épocas muito remotas. Possivelmente o “primeiro” peregrino com nome próprio foi D. Hugo, bispo do Porto, morto em 1156. Seguem-se Afonso II (1220), talvez Sancho II (1244) e Santa Isabel, a “Rainha Santa” que depois de enviuvar de D. Dinís, o fez em duas ocasiões. Em 1502 percorre esta rota o rei D. Manuel, o venturoso.
Mas, também, muitos peregrinos europeus seguem este caminho, ou na ida ou no regresso a Compostela: o barão boémio León de Rosmithal (1466), Nicolás de Pielovo, de Silesia (1484), o médico de Nurember, Jerônimo Münzer (1494), Giovani Battista Confalonieri (1594), núncio em Lisboa, que deixou um minucioso relato do seu percurso, ou Cosme III de Médicis (1699) e tantos outros peregrinos anónimos de múltiplas procedências.
Na atualidade os albergues de peregrinos “S. Teotónio”, de Valença e do Xacobeo em Tui acolhem, junto a uma ampla oferta de establecimentos privados, os cada vez mais numerosos peregrinos que percorrem este caminho português de peregrinação a Compostela.
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