A ponte internacional ou ponte metálica é o símbolo que expressa de jeito mais patente a união da Eurocidade, uma união não tanto simbólica uma vez que a própria ponte está integrada na malha urbana de Tui e Valença.
A necessidade da sua construção é patente quando se abrem as linhas férreas Guillarei-Tui com Vigo e de Porto a Valença, urgindo a conexão de ambas linhas. A 31 de julho de 1879 assina-se em Madrid o acordo que encomenda o projeto de construção da ponte ao engenheiro espanhol Pelayo Mancebo Agreda (Calahorra 1845 - 1912), autor de numerosas obras públicas ao longo da Península, e que opta pela estética do ferro para o desenho desta ponte.
No mês de junho de 1880 acorda-se a construção de um forte próximo da ponte, para acolher uma guarnição de 200 soldados, que teria como principal missão atuar rapidamente e implodir a ponte, em caso de guerra com Portugal.
Em outubro 1880 é lançada a obra, na qual participaram oito empresas, entre as que se encontrava a dirigida pelo afamado engenheiro francês Gustave Eiffel, “Eiffel e Cía”. Resultou vencedora a empresa belga “Braine-Le-Compte” com um projeto reformado e assinado em Lisboa por Eugene Rolin e cujo orçamento de adjudicação foi de 205.766.000 reais. Deste total correspondia a Espanha o pagamento de 104.168.010 reais e a Portugal o resto, 101.591.000 reais. O processo de construção da ponte suscitou um enorme interesse social como fica refletido no seguimento realizado pela imprensa daquele tempo, onde se acolhem as expectativas duma obra que estava chamada a mudar a economia do Noroeste peninsular. “La Voz de Galicia” dava a notícia que a ponte ficaria definitivamente rematada a finais de 1884 descreve-a desta forma:
Consta de cinco tramos de vigas cruzadas. Os dois tramos laterais medem 61 metros de altura, e os centrais 66 metros entre os paramentos dos apoios. Assenta sobre quatro pilares, dois estribos de 10 metros e dois viadutos laterais de 15 metros cada um sobre as avenidas de acesso ao tabuleiro interior destinado a estrada. A sua altura desde o tabuleiro superior sobre o leito do rio é de 23 metros em crescidas ordinárias, e a altura média das cimentações é de 14 a 22 metros.
A parte metálica foi construída nos estaleiros belgas da sociedade Braine-le-Compte. Em todos os pilares construiram-se estruturas, como medida preventiva em casos de guerra.
Os estribos principais estão formados na parte inferior por duas pilastras e um arco de 4 metros, e na superior por arcos elegantíssimos. Terminam os estribos em cornija de cantaria modelada. A via, por sua parte, está assente sobre travessas de carvalho, elevadas com parafusos.
Nas obras de construção da Ponte “utilizaram-se 700 kg de chumbo e 1.540.365 kg de ferro. A silharia transportou-se desde Lanhelas (Caminha - Portugal) a 24 km de distância; a cantaria pelas pedreiras de Guillarei - Tui, a cal de fábricas de Portugal e o cimento de Zumaya - Vizcaya. Todos estes materiais eram transportados em barcaças rebocadas por lanchas de vapor. Uma destas foi construída no Porto e a 10 de abril de 1882 era esperada em Caminha para transportar ferro”.
O ato de inauguração oficial teve lugar a 25 de março de 1886. Amanheceu um dia de chuva e as locomotivas “Alfonso XII” e “Valença” transportaram as autoridades de ambos países ao centro da ponte, onde tiveram lugar os atos protocolares. Assistiram, segundo os cronistas da época, cerca de 20.000 pessoas.
Desde aquele momento esta ponte converteu-se num símbolo da união entre Valença e Tui, mas também entre Galiza e o Norte de Portugal. A ponte metálica foi incorporada à vida dos cidadãos tudenses e valencianos e integra-se de tal maneira na vida de ambas cidades, que passando os anos, não há uma descontinuidade no traçado urbano entre ambos extremos da ponte. Fica assim integrada como um elemento mais da vida comum de ambas cidades.
As estatísticas dizem que é cruzada, diariamente, por mais de cinco mil veículos correspondendo maioritariamente ao trânsito local pois a abertura da nova ponte, assume o grande volume de trânsito desta fronteira (mais de 20.000 veículos/dia).
Muitos episódios da vida de Valença e Tui têm girado à volta desta velha ponte metálica, convertendo-se num referente omnipresente na vida local: o contrabando, com as trapicheiras e raianas com as amplas saias ou “mandranas”, os guardas fiscais, as largas filas ou “a bicha” de veículos esperando no controle alfandegário, etc
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