Autarca preocupado com queda de procurano centro de saúde, que justificará decisão do Governo
Os serviços de saúde da Galiza referem que "não aumentou" o número de utentes portugueses desde o encerramento dos SAP na região do Alto Minho, mas muitos utentes do Centro de Saúde de Valença assinalam que recorrem, cada vez mais, àqueles serviços.
A perto de seis meses do encerramento a que foram votados vários dos serviços de atendimento permanente (SAP, vulgo urgência) que funcionavam em centros de saúde do distrito de Viana do Castelo, os serviços sanitários da vizinha região espanhola garantem que tal "não contribuiu" para aumentar o número de portugueses (residentes no país) que recorrem às valências do país vizinho.
De acordo com fonte oficial do Serviço Galego de Saúde, não serão mais de dois os utentes lusos a recorrer, em média, por dia, aos centros de saúde galegos, com relevo para o de Tui, junto a Valença, cifra que é tida pela Junta da Galiza como "em tudo semelhante" à verificada antes do encerramento a que foram votados os SAP de Arcos de Valdevez, Melgaço, Paredes de Coura e Valença, em finais de Março passado.
"Enquanto serviço de Urgência e como o próprio nome o indica, atende e trata de todas as pessoas que ali recorram. Caso sejam portadoras do Cartão Europeu de Seguro de Saúde, essa despesa será cobrada aos serviços do país de residência do utente. No caso, de Portugal. Caso não façam prova do cartão, o tratamento será cobrado ao próprio utente", observou, a propósito, a mesma fonte.
Segundo utentes ouvidos pelo JN, para o recurso aos cuidados de saúde da vizinha região contribui sobremaneira tanto o fecho a que foram votados os SAP como a inexistência de taxa cobrada pelo atendimento (taxa moderadora). A esses argumentos junte-se, segundo muitos, "a forma como somos atendidos em Espanha", consideram inúmeros utentes, afiançando que os serviços sanitários do país vizinho "dão mais atenção que os nossos próprios".
Autarquia preocupada
Preocupada com a afluência das pessoas a valências do lado de lá do rio Minho afirma-se o Executivo valenciano, dando conta o autarca local, Jorge Mendes, que "caso as pessoas não recorram aos serviços, estão a dar razões à tutela para que justifiquem, com números, que o que fizeram está certo".
Segundo o edil, "é necessário que as pessoas recorram ao serviço, para que a tutela não venha, depois, dizer que a valência foi encerrada por falta de utentes. Se as pessoas não forem lá, não teremos argumentos". Para Jorge Mendes, os clínicos que ali prestam serviço "têm feito os possíveis" para que os utentes "sejam atendidos no centro de saúde, até à meia-noite".
Contudo, sublinha o autarca que o objectivo principal por que se bate a autarquia é a prestação de um serviço de saúde "durante 24 horas". Segundo Jorge Mendes, "a designação que possa ser a isso atribuída não interessa. O que queremos é que ele funcione". É isso, também, que pretendem os residentes no concelho, não poupando críticas ao fecho do SAP e a sua consequente substituição por uma consulta aberta, serviço que, afiançam, "não funciona".
"Há pouco tempo, senti-me mal e o meu marido trouxe-me aqui (ao centro de saúde de Valença), à noitinha. Mal entrei, disseram-me logo que não havia médico e que não iria ser atendida. Atravessámos a ponte e fomos a Tui. Ali atenderam-me logo. É disso que aqui precisamos", confidenciou uma sexagenária, domiciliada em Valença, tendo António Souto, de Arão, indagado: "Como é possível que tenham elevado Valença a cidade e, logo depois, retirado a nossa Urgência?".
in Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário