Reflexo da discussão em torno do conceito de pousada regional, trata-se da primeira obra pública desenvolvida por um arquitecto convictamente moderno, em contexto fortemente marcado por um ambiente histórico-patrimonial: a Praça Forte e a vila de Valença. Na verdade diversos ante-projectos são recusados e o autor é aconselhado a "afastar definitivamente a ideia de fundir a pousada com a Fortaleza". A solução que finalmente foi construida desenvolve-se em função do panorama, articulando basicamente um corpo em três tramos abertos a 180º. A estrutura de betão armado do piso térreo, que corresponde à zona de estar, foi "concebida de forma a impressionar", tal como nos fantásticos espigueiros minhotos da serra do Soajo, e, modernamente mantido aparente, de modo a deixar "transparecer as suas reais qualidades plásticas". O andar superior, correspondente à zona dos quartos, é construido em granito maciço: pedras rectangulares dispostas como nas mais belas construções minhotas de carácter popular". Racionalmente, define-se uma lógica de aberturas: grandes vãos rasgados no betão criando uma enorme transparência, que funde o interior com a paisagem e o ambiente, através de uma quase imperceptível caixilharia metálica; ou pequenas janelas abertas no granito. E um sistema no emprego dos materiais: assumindo a rudeza do granito e do betão, em contraste com a delicadeza do vidro e da fina e sofisticada caixilharia metálica. O mobiliário foi desenhado expressamente para criar uma atmosfera coerente, um ambiente global.
in Património Cultural
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