Três pais natais pendurados no corrimão das escadas e alguns enfeites natalícios, foi do pouco que restou da casa de uma família de S. Pedro da Torre, Valença, depois de um violento incêndio anteontem à noite tê-la desalojado.
Carlos Borges, 45 anos, pai de uma jovem de 16 que se encontrava na habitação com a mãe, de 40, quando o fogo deflagrou numa salamandra, cerca das 20.20 horas de anteontem, era ontem o rosto do desânimo. Operário da construção civil em Madrid, Espanha, viajou de emergência na noite anterior para Portugal.
Quando chegou cerca das três horas da madrugada, a mulher, operária fabril, e a filha estavam sãs e salvas, mas a habitação alugada estava totalmente destruída. Resta-lhe recomeçar a vida do zero na casa dos pais na freguesia vizinha de Cerdal, que o acolheu após a tragédia.
Ontem de manhã, Carlos remexia os escombros negros com a ajuda do pai, Gaspar Borges, de 70anos, numa procura desesperada de salvar ainda algum haveres.
Com a roupa no corpo "Ficamos com a roupa que tínhamos no corpo, mais nada. Agora é começar de novo, pouco a pouco, outra vez. A vida, infelizmente, só me tem dado pontapés e este foi mais um e neste momento toda a ajuda é bem-vinda", lamentava Carlos, que, assim como o pai, Gaspar Borges, criticou os bombeiros de Valença, a quem acusou de "terem deixado a casa arder quando o fogo que começou no teto podia não ter chegado ao rés do chão".
O comandante substituto da corporação, Marco Domingues, reagiu: "Não tenho dúvidas de que a equipa fez tudo o que podia para salvar a habitação, mas começaram a surgir derrocadas no teto e a partir daí não se pôde fazer nada".
in Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário