Nasceu a 23 de Dezembro de 1912. Ontem, com 104 anos, Ermelinda Cândida Gomes admitiu não ter nenhum segredo para a longevidade, mas lá foi confidenciando que “com muito amor e carinho” sempre teve uma vida “muito feliz”. Há 25 anos a morar no Asilo S. José, a centenária garantiu que ali é “tratadinha com respeito e gosto”.
Impecalvemente asseada, com o cabelo arranjado, as unhas pintadas e com as jóias sobre a toillete nova, Ermelinda viveu o dia de ontem recheado de bons amigos, alguns familiares e muita festa. “Aqui tratam esta velhinha muito bem. Todos gostam de mim”, revelou.
Nasceu no Porto, mas foi em Valença que viveu com os pais e cinco irmãos até se casar. “Era modista com uma das minhas irmãs. Gostava muito do que fazia”, lembrou a aniversariante, referindo que foi em Valença que conheceu o marido. “O meu marido era de Braga, mas na altura que nos conhecemos trabalhava em Valença. Casamos e viemos morar para o Largo da Senhora-a-Branca, em Braga, onde ele passou a trabalhar no cinema S. Geraldo e no café Viana”, contou Ermelinda.
A aniversariante já perdeu da memória há quantos anos o marido faleceu, mas partiu muito novo. “Graças a Deus o meu marido adorava-me e sempre nos demos muito bem, mas morreu cedo”, lamentou.
O casal não teve filhos, mas cuidou de uma menina, que foi “buscar à creche”, quando tinha apenas três anos. “Morreu com problemas do coração com 18 anos. Choro todos os dias por ela”, lembrou emocionada.
Mas depressa, os muitos “amigos” a fizeram esquecer por momentos a tristeza pela perda de quem muito amou, fazendo-a regressar ao presente. “Esta velhinha merece todo este carinho e esta festa”, acabou por confessar, em risos, Ermelinda.
Hoje, aquela utente conta apenas com a visita de uma cunhada, já que os cinco irmãos faleceram. “Levei uma boa vida. Comia, bebia, passeava e trabalhava. Fui muito feliz”, afirmou.
A irmã Luísa Silva, directora técnica do Asilo S. José, lembrou que Ermelinda “agora já precisa de ajuda para fazer a higiene pessoal, mas ainda come pela mão e até frequenta as aulas de ginástica e participa nas actividades religiosas”. E aquela responsável contou: “está perfeitamente lúcida, apenas ouve e vê um pouco mal. Sempre gostou de andar bem arranjada”.
O dia de festa ontem começou com a celebração de uma eucaristia e com a colaboração da professora de ginástica e alguns voluntários foi improvisado o primeiro ‘cantar os parabéns’ com direito a bolo e muitas flores. Entretanto, ao almoço, Ermelinda voltou a ter direito a bolo e aos parabéns com os utentes e colaboradores do Asilo S. José. A tarde foi com a família.
No Asilo S. José quase todos os utentes tem mais de 80 anos, sendo que a maior parte conta já com mais de 90. Em Fevereiro próximo é a vez da utente Luísa Ferreira completar 103 anos.
in Correio do Minho
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