APROVEITAMOS
A ECOPISTA
COMO VIA DE
CONHECIMENTO
DE UM CONTORNO
RICO EM HISTÓRIA,
TRADIÇOM E
PAISAGENS,
GRANDE PARTE
DELES DENTRO
DA REDE NATURA
Do NOVAS DA GALIZA propomos voltar a ele durante um fim-desemana para darmos um passeio distinto. Nom podemos enganar os leitores: Nom será fácil, sobretudo a primeira parte: Teríamos que sair da nossa casa de bicicleta cara à estaçom de comboio mais próxima.
Apanhar o comboio, meter a bicicleta dentro (os caminhos de ferro portugueses tenhem lugar para bicicletas), e dirigir-nos para o Sul se morarmos na Galiza, ou para o Norte, se em Portugal.
Deveremos tirar o bilhete para Tui-Centro (nom Guilharei).
Provavelmente, após de milhares de transbordos e esperas de intermináveis minutos em estaçons, se ainda mantemos em pé o ânimo inicial é simplesmente porque a segunda parte do passeio vai valer com certeza a pena.
Se apanharmos o comboio em Tui, teremos ocasiom de cruzar o Minho pola velha Ponte Internacional, que para os portugueses sempre foi a “Metálica”. A velocidade diminui quase a altura de um passeio e podemos observar à nossa frente polas janelas da direita a desafiante muralha de Valença, ou se o preferirmos, olhando para a esquerda e atrás, a velha cidade galega.
Apreciaremos a catedral fortaleza e, se repararmos muito, o tecto do Teatro Principal, destruído para vergonha das autoridades competentes.
A chegada à velha estaçom de Valença será para nós o regresso aos temposdos primeiros anos dos caminhos-de-ferro. Recebenos o cais de um imponente edifício de 1884. Singulares casas de banho de outras épocas, lindamente decoradas e restos do que fora um delicado jardim. Se gostarmos do mundo dos caminhos-de-ferro, podemos conhecer mais no Museu Ferroviário; ali mesmo na exposiçom das antigas cocheiras, teremos a locomotiva a carvom e os velhos vagons e utensílios ferroviários.
Saímos da estaçom e na nossa bicicleta vamos para a direita até encontrar um semáforo. Enquanto vermelho, aproveitamos para reparar em que na nossa frente está a Escola Secundária de Valença e, ao seu lado, ao pé mesmo da via, a magnífica e moderna Biblioteca Municipal.
Semáforo verde, viramos para a direita para, passando por cima da via, virar para a esquerda imediatamente.
Chegamos assim, apenas 300 metros mais tarde, à Ecopista do Minho. Foi o único treito que compartilhámos com o trânsito motorizado.
As ecopistas portugueses som as “Green way” europeias: antigas linhas de comboio em desuso e adaptadas a usos de lazer, passeios e rotas. A razom do termo “ecopista” há que procurá-la nas autoestradas portuguesas: a expressom “Via verde” está reservada ali às passagem que permitem cruzar sem se deter nas portagens.
Nós usaremos a ecopista como via de conhecimento de um contorno rico em história, tradiçom e paisagens, grande parte deles de Rede Natura.
A antiga Casa da Linha, no começo da rota, foi transformada no Centro de Interpretaçom da Ecopista.
Resume a história da linha ValençaMonção, inaugurada em 1915 e fechada definitivamente em 1990.
O primeiro quilómetro será através de frondosas carvalheiras, escavando a zona da Urgeira, que fica
acima nossa, até chegar ao miradouro da veiga de Ganfei. Daí podemos contemplar umha perspectiva distinta da cidade de Tui, sempre imponente, da fortaleza valenciana e da centenária ponte de ferro que dizem internacional.
Uns metros mais adiante alçaremos a vista para a direita cara ao mosteiro e claustro beneditino de Ganfei que remonta provavelmente ao séc. VII. Na parte que dá à ecopista o estado de conservaçom é penoso, mas a parte sul, da entrada, merece a pena. Para nos achegarmos devemos cruzar a estrada e subir umha pequena pendente. Se algum tipo de interesse artístico nos empurrar a fazê-lo, podemos aproveitar para prosseguir cara ao centro de Ganfei, onde, além de construçons típicas, se situa a capela barroca de São Teotónio, no lugar onde a tradiçom diz ter nascido este primeiro santo português.
Umha estátua sua na praça parece querer insistir na ideia.
Desde ai, baixando cara à direita voltaremos de novo a estrada e à ecopista, justo no momento de ver a velha estaçom de Ganfei. Restaurada da mesma forma que as demais estaçons da linha do Minho, traz-nos imagens do que poderia ser o transporte de passageiros e mercadorias pola metade do século passado.
Continuamos a linha da memória cara à próxima de Verdoejo, esta de dous pisos com preciosas casas de banho exteriores restauradas à moda antiga e um apeadeiro enfrente.
Mas também podemos parar no parque de merendas. Para isso devemos deixar a ecopista virando à esquerda e dirigir-nos ao rio por umha estrada sem trânsito que cruza a Veiga.
Desde o parque apenas uns centos de metros para contemplar a ínsua do Conguedo, uma língua de terra, refúgio de fauna do Minho.
As pesqueiras abundam nessa zona do rio. Desde há muitos anos aqui caíam lampreias, enguias, salmons, truitas, sáveis.... Na altura os pescadores eram obrigados a dar aos monges de Sanfins o primeiro salmom ou truita apanhada no couto.
Esta língua de terra guarda também muitas memórias das relaçons transfronteiriças sobretudo do contrabando que perdurou até à abertura das fronteiras. Aí mesmo, “o antigo porto fluvial da Gingleta albergava muitas embarcações e a memória das medievais barcas de passagem para a Galiza”. Voltamos para a ecopista na zona da Estaçom de Verdoejo. Continuamos a pedalar; a linha é recta. Uns centos de metros mais adiante, à esquerda, saímos para nos encontrar no Adro Velho uns restos de sarcófagos medievais e um cruzeiro barroco.
De volta na ecopista, procuramos na freguesia de Friestas a ínsua do Crasto. Aí, em pleno Minho, o famoso aviador Lindbergh – que no ano de 1927 foi o primeiro a cruzar o Atlântico no seu famoso “Spirit de St. Louis” – viu-se obrigado, em Novembro de 1933, a efectuar umha descida de emergência no rio que deu em ser um autêntico acontecimento social. Mas essa história, junto com a do mosteiro escondido, som pedaladas pendentes para o próximo número.
in Novasgz
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