O alcaide de Tui, Galiza, advertiu esta sexta-feira que se a ligação ferroviária entre Porto e Vigo for interrompida a 30 de Setembro a população protestará na rua, "cortando a ponte internacional" que liga a Valença.
"Espero que não aconteça, mas se for necessário cortamos a ponte para reivindicar o serviço", afirmou esta sexta-feira o alcaide Moisés Rodriguez, durante um encontro promovido em Viana do Castelo por utentes do serviço ferroviário português.
Em cima da mesa esteve a discussão em torno da necessidade de investimentos na Linha do Minho, como sinalização e electrificação, de forma a reduzir os tempos de viagem entre Porto e Vigo, actualmente em cerca de três horas, e assim tornar o serviço mais atractivo e competitivo.
"Assim como está, não pode continuar", admitiu o alcaide de Tui, acrescentando que a própria espanhola Renfe "não fez tudo o que devia" até agora para "manter" o serviço.
Alegando precisamente o prejuízo naquele serviço, a CP chegou a anunciar, para 15 de Julho, a supressão da ligação até Vigo. No entanto, voltaria atrás com a decisão depois da congénere Renfe ter garantido assumir todos os custos da ligação, em território espanhol, pelo menos até 30 de Setembro.
"É um problema social. É preciso que os governos de Portugal e Espanha se coloquem de acordo. Não podem dizer apenas que o serviço não é rentável. Estamos a falar de mais do que números, há aqui pessoas, de um e do outro lado do rio", reclamou o alcaide de Tui.
Aquela localidade galega, junto a Valença, tem no comboio português, da CP, que ali para, em ambos os sentidos, quatro vezes por dia, a sua única ligação ferroviária ao resto de Espanha.
"Seria muito fácil cortar a ponte como forma de pressão, mas não queremos chegar a esse ponto", advertiu Moisés Rodriguez, acrescentando que esta "ameaça" já foi abordada junto do autarca de Valença.
Até 30 de Setembro Renfe e CP deverão anunciar uma nova solução para aquela ligação internacional, no entanto, para a associação de utentes ComboiosXXI, que promoveu este debate em Viana do Castelo, o investimento é prioritário.
"Infelizmente, de há uns anos a esta parte, a linha passou a ser de Porto a Braga e o ramal ficou entre Nine e Valença. É preciso um investimento no material circulante e na linha para que o serviço seja competitivo", afirmou Cândido de Oliveira, da associação de utentes.
Segundo a organização, a CP foi convidada para este debate, que reuniu autarcas, políticos e utentes, mas não se fez representar.
Da parte da Refer, Fernando Queiroz, que representou aquela empresa pública, assumiu que "não está previsto qualquer investimento de modernização" para a Linha do Minho, pelo que "já não será mau" se a rede actual continuar como está.
"Nesta altura, fruto da situação financeira que todos conhecemos, o nível de investimento é zero", rematou.
in Jornal de Notícias
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