"Não se formam homens e mulheres de negócios no espaço de seis meses!" – afirma à "Vida Económica" João Paulo Vieito, diretor da Escola Superior de Ciências Empresariais de Valença.
Por essa razão, a ESCE –IPVC decidiu incluir nos cursos de licenciatura um projeto em que cada aluno cria uma empresa. O objetivo é que "os alunos possuam a autoconfiança necessária para implementarem os seus negócios e vencerem todas as vicissitudes do mundo empresarial".
"Ajudar a construir uma geração de novos homens e mulheres de negócios é o desígnio a que nos propomos", acrescenta João Paulo Vieito.
Vida Económica - Como surgiu a ideia de incluir nos cursos de licenciatura o projeto de criação de uma empresa para cada aluno?
João Paulo Vieito - A ideia surge da observação da realidade económico-social que nos rodeia e de uma aposta de ensino orientado para o saber fazer, integrado na economia real.
Não houve um momento em particular, foi uma ideia que foi sendo amadurecida no interior da ESCE-IPVC, do seu grupo de docentes e do diálogo com os alunos e empresários. A cultura da instituição é muito orientada para a ação e para a aplicação do conhecimento ministrado à pratica profissional.
VE - A generalidade dos cursos de Ciências Empresariais das Universidades e Politécnicos já têm unidades curriculares de Projeto Empresarial? Qual a razão pela qual grande parte desses projetos nunca foram implementados?
JPV - A ESCE, tal como muitas outras instituições de ensino superior que ministram cursos na área das Ciências Empresariais, tem, efetivamente, cadeiras de Projeto com uma duração que oscila entre um e dois semestres. No entanto, a generalidade desses projetos nunca foi implementado. Algo está errado!
Recentemente, chegámos à conclusão de que o problema não está relacionado com a qualidade dos projetos, mas sim com a autoestima dos alunos. Não se formam homens e mulheres de negócios no espaço de seis meses! Essa é a principal razão pela qual adotámos a estratégia de estender para três anos o período de elaboração do projeto e ampliamos largamente a equipa de docentes que validam todas as fases do projeto individual de cada aluno.
Acreditamos que, findo o período de três anos e o projeto ter sido validado por cerca de 40 docentes, os alunos possuam a autoconfiança necessária para implementarem os seus negócios e vencerem todas as vicissitudes do mundo empresarial.
VE - Em que áreas de atividade pensa que irão surgir mais projetos?
JPV - Ajudar a construir uma geração de novos homens e mulheres de negócios é o designo a que nos propomos. Negócios que sejam realistas, bem planeados e que correspondam a oportunidades do mercado nacional e internacional.
Queremos que os nossos alunos olhem para o mundo como uma janela de oportunidades. Neste sentido não limitamos em termos de área qualquer projeto, uma vez que um determinado setor de atividade pode estar em recessão em Portugal e em forte expansão na França, India, China, etc. Queremos formar uma nova geração de homens e mulheres que, tendo como base Portugal, trabalhem para todo mundo. Não partilhamos da ideia de que todos os nossos licenciados têm de abandonar Portugal para singrar na vida. Podem instalar a sua atividade em Portugal e serem bem-sucedidos no mundo! Esse é o nosso ideal!
Estamos à espera que surjam, por exemplo, projetos de áreas ligados à agricultura de nicho, apoio à comercialização no e-commerce e no mercado global e que possam contribuir para melhorar a performance das empresas da região. O alto Minho reúne condições únicas para projetos de turismo e atividades ligadas ao lazer. O comércio tem, também, uma grande tradição em toda a região, existindo inúmeras oportunidade para atualizar e modernizar este setor.
O enquadramento estratégico da escola na fronteira de Valença deixa antever projetos ligados à logística de uma economia transfronteiriça, capitalizando na euro-cidade e na euro-região.
Professores funcionam como consultores especializados
VE- De que forma os professores poderão dar apoio à preparação e arranque de criação das empresas?
JPV - Ao longo de três anos os professores funcionam como consultores especializados de cada um dos projetos.
O critério de alocação dos professores aos projetos varia em função da etapa de desenvolvimento do próprio projeto e da necessidade específica. Os alunos serão apoiados individualmente desde a conceção da ideia à sua validação, do estudo de mercado aos estudos de consumidor, da elaboração da estratégia de marketing à elaboração dos planos operacionais, bem como no desenvolvimento das projeções financeiras, na identificação das necessidades de capital e no controlo de gestão.
A ligação da ESCE não termina com a conclusão da formação letiva dos alunos. Os docentes estarão sempre disponíveis para apoiar com o seu saber, no futuro, o desenvolvimento desses negócios.
VE- Quais são as entidades que vão estar envolvidas no apoio direto aos promotores?
JPV - O quadro de entidades envolvidas no projeto ainda não está definitivamente fechado, pois existem inúmeras instituições de grande relevo nacional e internacional que têm manifestado a sua intenção de apoio.
No entanto, contamos já com parceiros institucionais que muito prestigiam a nossa iniciativa. O apoio da Câmara Municipal de Valença, o IAPMEI, a Caixa de Crédito Agrícola do Noroeste, o CEVAL (Conselho Empresarial dos Vales do Minho e do Lima) garante à partida uma dinâmica exigente e a credibilização desta iniciativa.
Muitas outras instituições e empresas manifestaram o desejo de se aliarem à ESCE-IPVC neste projeto, estando ainda em fase de assinatura de protocolos.
in - Vida Económica
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