É num ermo situado nas proximidades da Igreja de Taião e do Monte do Fortes, que encontramos as gravuras rupestres classificadas em 1984 como "Imóvel de Interesse Público", insculturadas na superfície de três rochas graníticas, pouco distadas entre si.
Cronologicamente balizadas na Idade do Bronze, as gravuras poderão ser inseridas no contexto da tipologia do grupo I estabelecida para a Arte rupestre pós-glaciar, genericamente conhecido por Antigo ou Clássico, em face da sua maior perduração temporal e acentuada caracterização da denominada "Arte do Noroeste Peninsular", abrangendo as especificidades formais normalmente atribuídas às gravuras "Galego-atlânticas", cuja distribuição geográfica parece denunciar um predomínio claramente costeiro. E apesar de surgirem neste agrupamento elementos tão diversificados quanto meandros, linhas rectas e curvas e, ainda, zoomorfos, os motivos prevalecentes revelam-se os círculos simples e, sobretudo, concêntricos, a exemplo das gravuras que objectivaram a presente classificação.
Na verdade, estamos em presença de um grupo de elementos concêntricos obtidos através da técnica da picotagem, alguns dos quais de grandes dimensões, comparativamente ao que tem sido dado a observar noutros arqueossítios similares. Com efeito, os dois maiores motivos apresentam-se formados por onze e doze anéis, respectivamente, dispondo de um diâmetro (tanto horizontal quanto vertical) superior a um metro, o que evidencia bem o seu carácter "monumental", que não seria certamente fortuito, antes resultante de uma determinada necessidade intrínseca de afirmação, independentemente das motivações e dos protagonistas.
Estas características aproximá-las-ão estilisticamente de outras estações arqueológicas situadas nas imediações, algumas das quais de igual modo protegidas legalmente, sendo assaz significativa a proximidade que mantém com alguns povoados fortificados de altura erguidos durante a Idade do Ferro, bem como de um notável conjunto megalítico. Uma constatação que, se demonstrará bem a forma como a riqueza cinegética da região atraiu e ajudou a fixar no seu seio diferentes comunidades humanas ao longo dos séculos e dos milénios, revelará também toda uma carga simbólica que lhe era atribuída, extraída e aposta nos mais diversos suportes matéricos, neste caso, rochosos, imagem maior do carácter sedentário das suas populações, que assim a legavam às gerações vindouras.
in Património Cultural
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