domingo, 17 de abril de 2016

Gravuras Rupestres da Tapada de Ozão e do Monte da Lage em Gandra

Dotado de uma beleza natural inequívoca, o território correspondente na actualidade ao concelho de Valença proporcionou desde sempre os recursos naturais necessários à fixação - e, por inerência, à sobrevivência - de diferentes comunidades humanas desde a mais alta antiguidade, como testemunham os inúmeros vestígios arqueológicos identificados até ao momento no seu termo. 
De entre os diferentes elementos remanescentes da actividade passada, constam exemplares de arte rupestre. 
É o caso da "Gravuras Rupestres da Tapada de Ozão e do Monte da Lage", localizadas na Freguesia de Taião, cravada na orla da Serra, amplamente conhecida pelas excelentes condições que oferece à actividade pastorícia. 
As gravuras da "Tapada de Ozão" foram executadas na superfície plana de um grande bloco granítico, sendo constituídas por motivos essencialmente circulares, concêntricos, com dimensões variáveis entre 20 e 80 centímetros. Alguns destes elementos surgem, no entanto, raiados, assim como associados a apêndices finalizados em fossettes, estes últimos predominantemente localizados na zona central da pedra, cujos limites são preferencialmente ocupados pelos motivos circulares, ambos obtidos através da técnica de picotagem 
Características que se repetem, ademais, nas gravuras do "Monte da Lage", apesar do fenómeno da erosão que afectou, com alguma profundidade, a leitura dos motivos insculturados na superfície pétrea. 
Cronologicamente balizadas na Idade do Bronze, as gravuras poderão ser inseridas no contexto da tipologia do grupo I estabelecida para a Arte rupestre pós-glaciar, genericamente conhecido por Antigo ou Clássico, em face da sua maior perpetuação temporal e acentuada caracterização da denominada "Arte do Noroeste Peninsular", abrangendo as especificidades formais normalmente atribuídas às gravuras "Galego-atlânticas", cuja distribuição geográfica denunciará um predomínio claramente costeiro. 
Torna-se, ainda, assaz significativa a proximidade mantida por estas duas estações arqueológicas com povoados fortificados de altura erguidos durante a Idade do Ferro, bem como de um notável conjunto megalítico. Uma constatação que, se demonstrará bem a forma como a riqueza cinegética da região atraiu e ajudou a fixar no seu seio diferentes comunidades humanas ao longo dos séculos e dos milénios, revelará também toda uma carga simbólica que lhe era atribuída, extraída e aposta nos mais diversos suportes matéricos, neste caso, rochosos, imagem maior do carácter sedentário das suas populações, que assim a legavam às gerações vindouras. 
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