sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Trabalhadores recorrem a tribunal após mudança de fábrica de Valença para Viana

Alguns dos cerca de 550 trabalhadores da fábrica de Valença da multinacional norte-americana BorgWarner recorreram à justiça por se sentirem prejudicados com a deslocalização da empresa para Viana do Castelo, disse hoje à Lusa fonte sindical.
Em causa, segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Metalurgia e Metalomecânica de Viana do Castelo, está o não pagamento, pela multinacional, "das duas horas que os trabalhadores despendem diariamente para fazer o trajeto entre as duas cidades".
A fábrica de Viana do Castelo é inaugurada em 07 de novembro, mas já está a laborar com cerca de 100 trabalhadores, segundo o sindicato.
"Alguns trabalhadores avançaram para o tribunal porque a empresa entende que as duas horas de transporte não representam um custo para os trabalhadores. Já os trabalhadores dizem estar a receber por oito horas de trabalho quando fazem dez horas diárias. É preciso clarificar este caso já que a empresa não se tem manifestado interessada em dialogar", explicou Branco Viana, do Sindicato dos Trabalhadores de Metalurgia e Metalomecânica.
Contactada pela Lusa, fonte do grupo refutou "qualquer sugestão de ausência de comunicação com os colaboradores" e garantiu até "estar a cumprir mais do que a lei prevê para estes casos", sublinhando que os trabalhadores "partilham do sentimento de grande satisfação pela continuidade do investimento da empresa em Portugal".
A nova fábrica, no parque empresarial de Lanheses, em Viana do Castelo, representa um investimento de 25 milhões de euros e vai empregar cerca de 650 trabalhadores, 550 dos quais transferidos da unidade que fechou em Valença a quem a empresa assegura, gratuitamente, o transporte, numa viagem diária de cerca de 100 quilómetros.
"A empresa assegura também transporte em situações de trabalho suplementar, em casos de emergência e para mães em regime de amamentação e assumirá também quaisquer outros custos de deslocação, caso o transporte convencional não esteja disponível", explicou a fonte do grupo.
Já o sindicato defendeu a necessidade de pagamento das duas horas diárias gastas nas viagens porque considerar que "os trabalhadores assinaram um contrato para trabalhar em Valença" e "não têm culpa que a empresa decidisse mudar as instalações para Viana do Castelo.
O sindicalista adiantou que desde o início deste ano que "foi tentado o diálogo" com a administração da empresa mas "sem sucesso" o que motivou a realização de um "abaixo-assinado de revolta".
"Foram recolhidas 300 assinaturas contra a injustiça que está a ser cometida e a reclamar o pagamento dessas horas. O abaixo-assinado foi enviado à empresa e à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e até agora não houve resposta", disse.
Nesse sentido, considerou "estarem criadas as condições para que mais trabalhadores enveredem pela via judicial", sublinhado, no entanto, que a "via negocial permanece aberta".
O grupo é um dos maiores produtores mundiais de acessórios para a indústria automóvel, com 60 fábricas instaladas em 19 países, onde empresa um total de 19.700 trabalhadores. Em 2013 faturou 7,4 mil milhões de euros, 3,7 mil milhões só na Europa. Trabalha para praticamente todos os grandes construtores automóveis.
in Lusa/Fim

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