O presidente da Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas exortou hoje os políticos a explicarem o "caminho" à população, mesmo que isso implique "ouvir o que não se quer", como aconteceu na segunda-feira nos estaleiros de Viana.
"Quem não está disposto a aproximar-se dos problemas reais e, muitas vezes, ouvir aquilo que não quer ouvir e que até é injusto, não pode exercer cargos políticos", afirmou hoje o deputado social-democrata Luís Campos Ferreira.
Aquela comissão terminou hoje, em Valença, uma visita de dois dias ao Alto Minho.
Na segunda-feira, os deputados foram recebidos nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo por mais de 200 trabalhadores da empresa que, ao longo de 15 minutos, bloquearam o acesso ao interior, em protesto contra a reprivatização.
"Um governante não deve ter os ouvidos e olhos tapados. Quem não está disponível para contactar com as pessoas, para explicar qual o caminho que propõe em determinado momento, não pode exercer cargos políticos porque não tem essas condições", afirmou ainda.
A isto, o deputado, que liderou a segunda visita descentralizada daquela comissão na atual legislatura, depois do Algarve, rejeitou ainda que o contacto político com as pessoas seja feito apenas pela internet.
"Os políticos têm que estar mais próximos das populações. Não é refugiando-se nas redes sociais, como se isso fosse uma proximidade real, que não é", disse ainda.
Durante dois dias, mais de uma dezena de deputados daquela comissão realizaram visitas a várias empresas e instituições do distrito, além de encontros autarcas e representantes dos trabalhadores.
"Quisemos levar os decisores até às pessoas e os problemas de volta a Lisboa. O parlamento tem uma força própria, de escrutínio, de influenciar e questionar o Governo, e com esta visita estamos a dar visibilidade às questões locais", sublinhou o presidente da comissão, que integrou representantes de todos os partidos.
No fecho da visita, em Valença, os deputados foram ainda confrontados por autarcas e empresários com a necessidade de uma harmonização fiscal entre as duas regiões de fronteira, face aos problemas de falta de competitividade do lado português.
"Eventualmente, o relatório com possíveis recomendações ao Governo poderá funcionar como um livro branco dos problemas da região. O nosso papel, enquanto deputados, é esse", concluiu Campos Ferreira.
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