quinta-feira, 1 de março de 2012

Direção Nacional da Cruz Vermelha lembra que “não pode prescindir” de gerir os recursos das delegações


A Direção Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) reagiu hoje à demissão dos órgãos locais de Valença, lembrando que "não pode prescindir" de gerir os recursos humanos e financeiros que lhe estão "confiados".
Em causa está a demissão dos três órgãos da delegação da CVP de Valença, conhecida no sábado, em que estes alegaram a "rutura total" com a direção nacional, depois de esta ter apontado derrapagens nos custos da construção de um edifício multivalências, naquele concelho.
Numa resposta enviada hoje à Agência Lusa, a direção nacional assume que está "sempre disposta" a "ouvir os argumentos” dos seus colaboradores, “quer como funcionários quer como voluntários", mas "desde que os seus objetivos correspondam aos objetivos da Cruz Vermelha como Instituição de caráter humanitário e mundial".
"A Direção Nacional da CVP não pode prescindir, em nenhum momento, de gerir os recursos humanos e financeiros que lhe estão confiados. A CVP tem um número de contribuinte único e é uma entidade única", esclarece.
Além da direção, no passado sábado apresentaram a demissão, também, os membros dos conselhos de Zeladores e de Curadores, os dois restantes órgãos da delegação.
"São profundas divergências com a direção nacional e a sua forma de lidar com as pessoas, que é a mais incorreta possível. Em quinze anos que cá estou como presidente, nunca pensei passar por isto, ser tratado abaixo de cão", explicou Álvaro Santos, presidente demissionário da direção.
"Aceitamos com naturalidade que quem não se sinta bem neste enquadramento se queira demitir. As pessoas que se demitem merecem-nos respeito desde que tratem os problemas da Instituição através dos seus órgãos próprios com a dignidade e o respeito que reciprocamente colaboradores e a Instituição merecem", afirma a Direção Nacional.
A "gota de água", garantiu por seu lado Álvaro Santos, foram as declarações públicas de elementos da estrutura diretiva nacional da CVP, sobre o novo edifício multivalências que a delegação começou a construir em abril de 2009, por 3,2 milhões de euros.
"Vieram dizer que a obra foi sobredimensionada por nós e que obrigámos a Cruz Vermelha a endividar-se, mas isso é mentira e uma tremenda injustiça. O orçamento foi feito e aprovado pela Segurança Social, porque também o financia, assim como a Câmara Municipal", defendeu o agora presidente demissionário.
A construção deste equipamento deverá estar concluída até final do ano e vai permitir à delegação receber, na parte de lar, 60 idosos, em 20 quartos individuais e outros tantos de casal, além de uma creche para 66 bebés.
"Com esta obra, o apoio domiciliário que já prestamos aos nossos velhinhos vai passar de 43, apesar de a Segurança Social só nos pagar 22, para um total de 60", sustentou Álvaro Santos.
Segundo os órgãos demissionários, a delegação de Valença "não tinha qualquer divida a fornecedores" a 20 de fevereiro deste ano, enquanto que em aplicações financeiras somava 144.877 euros.
Com 2340 sócios, tem 15 funcionários assalariados, que a partir de segunda-feira serão administrados pela gestora e pela psicóloga da delegação, além de 12 viaturas, um barco de socorro e um hospital de campanha.
Nos ativos estão contabilizados, ainda, quase meio milhão de euros, entre terrenos e uma habitação.
"À data em que saímos temos todo o gosto em falar nas nossas contas. Mas face a tudo isto não podíamos continuar a ser tratados desta forma, com falta de respeito e as acusações sobre a construção do edifício foram apenas a gota de água", garantiu.
O processo de escolha dos novos órgãos terá assim de começar do zero, cabendo inicialmente à direção nacional nomear os conselhos de zeladores e curadores. O presidente deste último órgão terá depois de escolher o novo presidente da direção e propô-lo aos órgãos nacionais. 
Só depois de validada a escolha é que o presidente indigitado poderá escolher os restantes elementos da direção.
in Rádio Vale do Minho

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