sábado, 19 de maio de 2012

Valença: Autarca escreve à administração da Rodman e pede clarificação sobre futuro de fábrica


O presidente da Câmara de Valença anunciou hoje que vai escrever ao administrador do grupo espanhol Rodman, solicitando uma "clarificação" sobre a unidade instalada naquela localidade, da qual Portugal reclama 650 mil euros em apoios concedidos.
A posição de Jorge Mendes foi conhecida depois de o administrador do grupo galego ter admitido, nos últimos dias, citado pela imprensa espanhola, que a reativação da fábrica de Valença, fechada há três anos, "é uma questão de tempo" e depende da "melhoria das circunstâncias".
"Só lamento que a reação venha a reboque das notícias publicadas. Diz que as coisas não correram bem, mas nunca teve a humildade de falar com a Câmara ou com o Governo português, que lhe concederem os benefícios e que foram muitos", explicou à Lusa o presidente da Câmara de Valença.
Espera agora uma explicação formal sobre o futuro da unidade, o que não aconteceu em quase três anos de mandato.
"Mas, com ou sem Rodman, alguma coisa vai ter de acontecer ao espaço, não vai ficar devoluto por muito mais tempo. Inclusive há interesse de outras empresas naquele espaço", acrescentou.
O grupo espanhol Rodman terá de devolver cerca de 650 mil euros de incentivos que recebeu para a instalação de uma fábrica em Valença, que deveria empregar 400 pessoas, mas que está fechada desde 2009.
A informação foi confirmada a 07 de maio, à Lusa, pelo próprio Jorge Mendes, que solicitou ao Ministério das Finanças a execução coerciva de 150 mil euros relativamente a um acordo para isenção de imposto municipal sobre a transmissão onerosa de imóveis e de imposto municipal sobre imóveis, nos últimos cinco anos.
"Existe um acordo do município com a Rodman, mas que não foi cumprido porque a fábrica está fechada. Como tal, pedimos ao Ministério das Finanças a execução coerciva do valor que nos diz respeito e o processo já foi remetido para a repartição de Finanças. Mas, do lado do Estado, haverá mais cerca de 500 mil euros para serem executados", explicou ainda.
Em Valença, a Rodman previa operar com uma unidade industrial para o fabrico de embarcações especiais e de recreio entre os oito e os 16 metros de comprimento, das gamas 'Rodman Fisher & Cruise', empregando tecnologias avançadas em construção naval em poliéster reforçado com fibra de vidro.
Além dos 150 mil euros do município, serão reclamados ainda meio milhão de euros de apoios concedidos pelo Estado Português, sobretudo para formação profissional.
"O acordo foi assinado em 2005, quando as expectativas do negócio eram diferentes. Os primeiros prejudicados fomos nós, porque investimos 20 milhões de euros", afirmou, à imprensa galega, o administrador da Rodman, Manuel Rodriguez.
Ainda assim, Jorge Mendes garante que a devolução dos valores dos incentivos "é uma questão de Justiça" perante outros empresários que se instalaram na mesma área e que "não beneficiaram" de incentivos.
"Pelo contrário, chegaram a comprar terrenos pelo dobro do preço. Por isso, vamos enviar uma carta ao grupo Rodman para que clarifique o que querem fazer", adiantou o autarca, admitindo, contudo, que "preferia ver a fábrica a laboral".
A Rodman Lusitânia, instalada em Valença desde setembro de 2007, contou com o apoio da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, nomeadamente na compra dos 65 mil metros quadrados de terrenos, instalações e máquinas.
Está fechada desde 2009 e hoje serve apenas de armazém, fruto da crise vivida pelo grupo em consequência da retração no mercado internacional.
Desde 2008 que o grupo, com sede na Galiza, enfrenta quebras de mais de 60 por cento nas vendas e naquele ano despediu 45 dos 50 trabalhadores que chegou a contratar para Valença.
in Lusa/fim

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